São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Exposição no Ceará revela cotidiano dos cangaceiros

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Uma exposição de fotos, objetos pessoais e armas reconstitui o cotidiano de Virgulino Ferreira, o Lampião, e seu bando de cangaceiros.
Organizada pela Secretaria de Cultura do Ceará, a exposição ``Cangaço, Ética e Estética" permanece até dia 14 no Centro Cultural Abolição, em Fortaleza (CE).
Os cangaceiros eram homens armados que viviam em grupos e que exerceram um poder paralelo no início do século no sertão nordestino.
A exposição apresenta, por meio de roupas e adereços, um Lampião vaidoso e preocupado com a aparência.
Segundo o sociólogo Daniel Lins, autor do livro ``A Paixão Segundo Lampião" e um dos organizadores da exposição, era o próprio Lampião quem criava e confeccionava os modelos usados pelos integrantes do bando.
A exposição traz réplicas de artigos em couro, como sandálias, botas, cintos, cartucheiras e bolsas, todos criados por Lampião.
Para Lins, os detalhes em prata presentes na peça mostram um ``senso estético" do principal líder dos cangaceiros.
``Ao contrário do que se pensa, Lampião era um sujeito de gosto requintado. Costumava usar perfume francês e lenços de seda", disse Lins.
Algumas das teses de Lins estão documentadas em fotos de Benjamim Abrão, feitas durante a passagem de Lampião por Juazeiro do Norte (CE), entre 1936 e 1937.
Em uma das fotos, Lampião aparece lendo a revista ``Noite Ilustrada", ao lado de Maria Bonita. Em outra, ele está costurando com uma máquina Singer.
Abrão era secretário do padre Cícero Romão Batista, pároco de Juazeiro (CE), e se valeu da amizade do religioso com Lampião para fazer as fotos.
Abrão fez também imagens animadas Lampião, confiscadas por ordem do ex-presidente Getúlio Vargas, que são exibidas na exposição.

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