São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995 |
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Pacientes mudam para SP e ficam esperando doação A espera por um rim pode levar mais de nove anos AURELIANO BIANCARELLI
Chaves deixou Barra do Garças (MT), onde vivia com a mulher e dois filhos, e se instalou no apartamento de um amigo no Butantã, zona sul da capital. ``Troquei as barrancas do rio Araguaia por uma espera", diz. Chaves não sentia nada até três anos atrás, quando sofreu um infarto. Os médicos constataram que sofria de cardiopatia crônica -um inchaço do coração. O transplante era a única saída. ``Passo os dias na beira do telefone esperando um chamado do Incor", diz. Em março, o bip tocou: ``Comparecer ao Incor", dizia. ``Fui feliz. Mas era apenas o médico me chamando para exames." Chaves se diz cheio de esperanças. ``Se você pode salvar alguém, por que não doar?", costuma perguntar. Na mesma fila do Incor está outro matogrossense, o ex-bancário Hélio Medeiros Santana, 48. ``Na minha frente tem outros 20", ele diz. Santana deixou Tangará da Serra e mudou-se com a mulher para a Bela Vista, no centro de São Paulo. Há um ano ele aguarda um doador. Só pode viajar com autorização médica. ``Os médicos só permitem que fique aqui por perto, ao alcance do bip", diz. José Augusto Passolongo, 32, espera há nove anos por um transplante de rim. ``Falta vontade política para acabar com as filas dos transplantes", ele diz. A vendedora Ana Denise Cruz, 30 anos, esperou três anos na fila dos rins. Na quinta-feira foi informada que um irmão poderá ser o doador -a lei permite que o rim seja doado por um parente. ``Em algumas semanas voltarei ao mundo das pessoas normais", diz Ana. (AB) Texto Anterior: Cartão de doador acelera transplante Próximo Texto: Exposição no Ceará revela cotidiano dos cangaceiros Índice |
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