São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Malan prevê inflação de 20% e superávit na balança comercial em 95

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o Brasil pode fechar 1995 com uma inflação na casa dos 20%, mesmo sabendo que o mercado trabalha com um número na faixa dos 30%.
A previsão foi feita no Rio durante almoço que lhe foi oferecido por 57 entidades empresariais. Ele afirmou que o país ``tem condições" de fechar um ano com uma inflação de ``dois dígitos com o número dois como o primeiro".
Ao comentar o índice de inflação de 2,64% apurado em abril pela Fipe/USP (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica da Universidade de São Paulo), Malan preferiu enfatizar que a média dos que ele considera os principais índices de inflação ficou em 6,2% nos quatro primeiros meses do ano.
O ministro disse que o governo vai aguardar os resultados das últimas medidas tomadas para reduzir o consumo, condição considerada essencial para que a inflação volte a cair, para só depois analisar que novas medidas de correção de rumo precisarão ser tomadas.

Balança
Em dia de previsões, Pedro Malan previu também que a balança comercial (exportações menos importações) será positiva em 95, apesar do saldo negativo de US$ 2,3 bilhões de janeiro a março.
Malan disse que em abril a balança comercial do Brasil ainda será negativa, mas menor que os US$ 935 milhões de março. Ele afirmou ainda, sem dar números que o país já não está mais perdendo reservas cambiais.
Descontraído, o ministro brincou com repórteres e contou piadas durante sua exposição.

Serra
O ministro do Planejamento, José Serra, disse ontem, também no Rio, que ``ainda há aceleração excessiva da demanda", isto é, o brasileiro ainda procura mais produtos do que a indústria produz.
Serra disse que não vai haver novas medidas anticonsumo ``na esquina", querendo dizer que as medidas, se acontecerem, não serão para logo.
Para ele, o governo vai tomando as medidas de contenção de consumo não para que haja uma recessão no país, mas para conter a velocidade da demanda. ``Não se vai admitir queda na produção e no emprego", disse.
Falando para empreiteiros, Serra defendeu a privatização das usinas hidroelétricas, dizendo que a partir de fevereiro, as empresas estatais têm até seis meses para reiniciar as obras suspensas.
Em caso de não acontecer a retomada da obra, será aberta a licitação para as empresas privadas.
Serra voltou a falar que está negociando um empréstimo de US$ 1 bilhão sem contrapartida nacional (o dinheiro que o país tem que colocar no projeto a ser aprovado por um banco de desenvolvimento internacional) para a construção e reforma de estradas e hospitais.
O ministro disse que o governo não quer reduzir as despesas com investimento e, por isso, seu esforço é para reduzir as despesas com custeio (pagamento de salário, compra de material).

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