São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Taxa de abril fica em 2,64%, diz a Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação de abril foi de 2,64% em São Paulo. Isto quer dizer que os preços médios praticados no mês passado superaram em 2,64% os de março.
Os dados, divulgados ontem, são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). A taxa de inflação de abril ficou dentro das previsões que os técnicos da fundação fizeram no início do mês para o período.
Ao registrar 2,64%, no entanto, a inflação muda de patamar. No primeiro trimestre a taxa média mensal tinha sido de 1,35%, saindo de 0,8% em janeiro para 1,92% em março.
Em maio, a taxa de inflação deve interromper a tendência de alta que vem registrando desde fevereiro. Juarez Rizzieri, novo presidente da Fipe desde terça-feira, prevê recuo para 2,5% neste mês, apesar do impacto do novo salário mínimo de R$ 100 e da demanda aquecida.
Os fatores que forçaram a aceleração da taxa em abril deixam de pressionar neste mês, diz Rizzieri. As pressões do mês passado vieram de vestuário (6,31%), fumo (10,41%), bebidas (4,05%) e automóveis usados (2,36%).
O setor de vestuário deve manter pressão até o Dia das Mães, no segundo domingo deste mês, segundo Rizzieri. A elevação de preços de vestuário neste período do ano é normal e a de abril ocorreu devido à chegada nas lojas da moda outono-inverno.
A pesquisa da Fipe registrou os maiores aumentos em abril no setor nas roupas de mulher, que ficaram 12,63% mais caras, enquanto as de homem subiram 4,72%.
Entre as maiores altas no setor de roupas de mulheres estiveram agasalhos (mais 34%), malhas de lã (21,2%) e blusas (16,6%).
A pesquisa da Fipe registrou alta também nas roupas de crianças: 8,08%. Agasalhos (32,43% e calças (14%) tiveram as maiores altas. Os calçados tiveram pequena alteração de preço em abril (mais 0,36%) na pesquisa da Fipe.

Estatais
O presidente da Fipe não vê nenhuma pressão inflacionária pela frente, mas diz que o país começa a viver agora uma ``inflação negociada". Ou seja, o próprio governo começa a liberar reajustes para setores que têm poder.
O início é sempre pela indústria automobilística, diz. Esta postura do governo representa uma reindexação oficial.
A pressão maior pode vir das estatais. Segundo Rizzieri, será difícil o governo segurar os pedidos de reajustes, uma vez que essas empresas são redutos de políticos e de corporativismo e empresas fornecedoras de materiais, acrescentou.
Se o governo não for vitorioso neste confronto, abre uma brecha para repasses gerais na economia, afirmou.

Desde o Real
Com os dados divulgados ontem pela Fipe, a inflação acumulada no ano é de 6,84%. No real, os preços já subiram 26,39%. Os aluguéis lideram as altas, com aumento de 150% de 1º de julho de 94 a 30 de abril.
Desde o Plano Real, os reajustes que os paulistanos mais sentiram bolso foram: habitação (45,68%), saúde (30,56%), educação (30,16%), alimentação (25,96%), despesas pessoais (18,81%) e vestuário (5,52%).

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