São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Nelson Pereira abre celebração em Cannes

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

``Cinema de Lágrimas", novo longa-metragem de Nelson Pereira dos Santos, 66, vai abrir, no próximo dia 19, as comemorações do centenário do cinema no Festival de Cannes (França).
Uma versão reduzida do filme fará parte da série ``The Century of Cinema", idealizada pelo British Film Institute (BFI), de Londres, para exibição em TV. A Rede Manchete exibirá a série no Brasil a partir de setembro.
Durante o festival serão exibidos, segundo o diretor, ``quatro ou cinco" outros segmentos da série, que tem ao todo 18 (leia ao lado).
Convidado pelo BFI para fazer o segmento dedicado ao cinema latino-americano, Nelson Pereira foi além da encomenda: realizou em 35 mm um filme de ficção de 1h40. A partir dele, editará a versão de 52 minutos para a série.
``Cinema de Lágrimas" é o único segmento da série do BFI estruturado como filme de ficção. ``Não seria possível resumir o cinema de todo o continente em forma de documentário", explica Nelson Pereira. ``Optei por escolher um momento desse cinema: o melodrama dos anos 30 a 50."
Segundo o cineasta, aquele foi um período em que ``o cinema latino-americano, especialmente o mexicano, tinha uma infra-estrutura industrial, estrelas internacionais como Dolores del Rio, diretores como Emilio Fernandez, fotógrafos como Gabriel Figueroa".
Mais que isso, acrescenta, o cinema do continente tinha mercado, ``chegando a competir com o cinema norte-americano".
O longa de Nelson custou US$ 850 mil, dos quais US$ 200 mil vieram de patrocínio do Banco Nacional, US$ 170 mil da distribuidora Riofilme e o restante da empresa Metavídeo, de Roberto Feith, produtor do filme.
Nelson Pereira resume seu filme como ``a história de um cara que está procurando o filme que a mãe viu no dia em que morreu". Nessa peregrinação, ele vai a cinematecas de vários países e vê inúmeros filmes, cujos trechos são incorporados em ``Cinema de Lágrimas".
``Minha idéia inicial era incluir Buenos Aires, Montevidéu, Caracas, Cuba. Mas não foi possível. Acabei filmando nas cinematecas do Rio e do México", diz Nelson.
Além de Raul Cortez, protagonista, fazem parte do elenco André Barros, no papel de um pesquisador de cinema, e Christiane Torloni, como a mãe do protagonista, que só aparece em flashbacks.
``A construção do filme parte da idéia do livro `O Cinema de Lágrimas da América Latina', de Silvia Oroz, que estuda as raízes sociais do melodrama no continente", diz Nelson Pereira dos Santos.
Segundo ele, ``o filme lida com os mitos que os melodramas expressavam: o mito da paixão, o mito do amor, o mito da doença". Esta última, no filme, ``pode ou não ser a Aids nos dias de hoje".
``Cinema de Lágrimas" tem música de Paulo Jobim e canções de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

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