São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Críticas previsíveis; Africanidades; Dúvidas, sugestões; O PT e a democracia no país; Declarações; Taxar, tachar; Geometria social; Cony, amargo ou doce; Calma, o Brasil é nosso; Crueldade sensacionalista; Revista da Folha

Críticas previsíveis
``A Folha envereda para uma política de crítica sistemática: notícias negativistas e opiniões contraditórias pintando um Brasil assustador. Os artigos políticos, com raras exceções, não mais precisam ser lidos -já se sabe com antecedência tratar-se de críticas, no mais das vezes, destrutivas."
José Carlos de Camargo (São Paulo, SP)

Africanidades
``A Folha tornou-se referência jornalística pela qualidade das suas matérias, entretanto algumas fogem do padrão, sobretudo quando tratam de relações interétnicas e africanidades brasileiras. Não gostei da reportagem `Grupo defende que negro é termo de caráter político' (edição de 1/5) pela superficialidade e pelos equívocos. O conceito de raça não é unânime nas ciências -pode ser considerado como indefinido numa ou superado noutras, vide a moderna antropologia. Se válido o conceito das três raças, como ficam os diferenciados dos hindus, árabes e turcos com relação aos japoneses, chineses e ameríndios? O movimento pelas reparações é internacional, e não surgiu em 93 na Bahia. É necessário publicar os desacordos para fortalecer os debates democráticos e tirar as impressões de unanimidade."
Henrique Cunha Jr., professor da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza, CE)

Dúvidas, sugestões
``Apesar de toda a decepção nos últimos tempos com a imprensa, sugiro algumas abordagens. O ministro José Serra nomeou para a diretoria internacional do Banco do Brasil o seu ex-tesoureiro de campanha, Ricardo Sérgio Oliveira. Não seria isso uma imoralidade a ser denunciada? A revista `Veja' não respondeu efetivamente se serviu ou não aos interesses do governo ao denunciar com `exclusividade' o caixa dois da empreiteira OAS. Alguém vai cobrar? O presidente FHC tem vituperado fortemente contra a ineficiência das universidades. A Folha mesmo fez uma matéria sobre os prejuízos da União com ações judiciais de servidores, principalmente nas universidades federais. Pergunto: será que a universidade é a grande vilã do ensino?"
Fritz Rivail Fernandes Nunes (Santa Maria, RS)

O PT e a democracia no país
``Em artigo de 1/5, o jornalista Josias de Souza usa de uma comparação temerária para condenar a democracia interna do PT. Nos últimos 15 anos, as posições de nosso partido contribuíram de forma efetiva para a retomada da democracia no Brasil. Em muitos momentos, a unidade de ação do PT foi fundamental para vencermos os resquícios autoritários em nossa sociedade."
Renato Simões, deputado estadual pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Declarações
``A Folha pecou por omissão na matéria `Covas descumpre a lei' (27/4). As informações sobre o descumprimento pelo governo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, no tocante ao pagamento dos profissionais da educação, foram passadas por esta deputada em entrevista à Folha. No meu depoimento deixei claro que Covas repassava à categoria índices abaixo do previsto na lei. Para minha surpresa, cortaram o que eu disse e nem citaram que as informações tiveram origem no PT. A Folha se apodera inutilmente do meu tempo, censura minhas palavras e surrupia do leitor seu direito de ser bem-informado."
Beatriz Pardi, deputada estadual pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Carlos Magno de Nardi - A deputada foi uma entre várias pessoas ouvidas na Assembléia Legislativa e no governo do Estado.

Taxar, tachar
``Pela coluna do ombudsman em 2/4, fiquei sabendo que chegou a vez de ter o `saco cheio' com a dupla grafia `taxar, tachar'. Cá em Belô, esse troço deu, há alguns anos, pancadaria grossa no `sagrado recinto' da redação de um dos nossos jornais, entre dois colegas, ambos competentes, mas de `estopim curto', agravado pelo fato de ambos `escreverem melhor e mais lucidamente' com uma ou duas `biritas' na cachola... O ombudsman declara que `foi um estranho comentário de Leite de Vasconcelos citando Ayres da Mata Machado Filho'... Creio ter havido distração, pois a coisa foi justamente `the other way round': Ayres comenta citando Leite Vasconcelos."
José de Souza Junior (Belo Horizonte, MG)

Resposta do ombudsman Marcelo Leite - O leitor tem razão. O ombudsman perdeu-se no emaranhado de citações presentes no verbete ``tachar" do ``Novo Dicionário da Língua Portuguesa": Aurélio Buarque de Holanda Ferreira cita Francisco Fernandes, que cita Ayres da Mata Machado Filho, que cita Leite de Vasconcelos.

Geometria social
``Quatro classes são responsáveis pela felicidade ou desgraça de toda e qualquer nação. O empresariado, o operariado, os consumidores (o povo em geral) e, no comando solidário de tudo, a classe política. Formam uma figura geométrica de quatro lados iguais, dependentes e interligados entre si: um quadrado. E se formassem apenas uma linha reta isolada e infinita, jamais conseguiriam cumprir o seu papel."
Domingos Lollobrigida de Souza (Cruzilia, MG)

Cony, amargo ou doce
``Cartinha malcriada, até agressiva, a da leitora Maria Cecília Centurion no Painel do Leitor de 30/4. Parecia um centurião belicoso. A ilustre desconhecida tem o desplante de atacar uma figura do porte do Carlos Heitor Cony a troco de nada. Cony, amargo ou doce, não importa o sabor, é dos maiores escritores deste país pandeiro!"
Marcos de Farias Costa (Maceió, AL)

Calma, o Brasil é nosso
"Os nossos últimos governos parecem ter esquecido que o Brasil é nosso. E passaram todo esse tempo sonhando com mais dinheiro emprestado e mais empresas multinacionais. Até parece que não há outra alternativa, e se o dinheiro não vier lá de fora ficaremos eternamente na miséria, vivendo em cima das riquezas. Se as empresas multinacionais quiserem vir, que venham; mas o grande projeto deverá dar incentivos fiscais e outras ajudas às nossas empresas e criar novos empresários."
Jethro Mourão da Cunha (Teófilo Otoni, MG)

Crueldade sensacionalista
``Li a reportagem publicada na Revista da Folha do último dia 30/4 e fiquei surpreso e indignado com a forma cruel e sensacionalista com que a modelo paraguaia Veronica Castiñera foi tratada pelo repórter Sérgio Dávila. Ele não precisava ser tão grosseiro. O tom da reportagem é de julgamento e execração, típicos de imprensa marrom. Por que ele reproduziu canhestramente a forma dela falar? Eu fiquei chocado com tamanho sarcasmo. Há muitos anos eu leio a Folha, frequentemente saem entrevistas com pessoas estrangeiras e eu nunca havia visto uma fala em português deficiente ser tão massacrada como na reportagem."
Isac Nunes da Luz Cordeiro (Curitiba, PR)

Revista da Folha
``A Instituição Religiosa Perfect Liberty não poderia estar ausente nas manifestações de júbilo pela passagem do terceiro aniversário da Revista da Folha. Que Deus continue iluminando os passos desse conceituado jornal."
Masaaki Suda, mestre superior do Brasil da Instituição Religiosa Perfect Liberty (São Paulo, SP)

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