São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995 |
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Hormônio restitui peso a crianças com Aids
AURELIANO BIANCARELLI
Ele é o primeiro no Brasil a tomar o hormônio, produzido em laboratório a partir de células de mamíferos. Ganhou 3,5 kg em duas semanas. O caso é acompanhado pelo Hospital Emílio Ribas. Um grupo de adultos com Aids deve começar a receber o hormônio dentro um mês. O estudo é patrocinado por uma equipe de médicos de vários hospitais de São Paulo. O hormônio do crescimento recombinante é usado no mundo todo para tratar crianças de baixa estatura. Desde 1988 está disponível no mercado brasileiro. Nos últimos anos, hospitais norte-americanos vêm experimentando o produto em doentes adultos que perderam muito peso. Os resultados são considerados animadores. No ano passado, o FDA -órgão do governo norte-americano que controla remédios e alimentos- autorizou o uso da droga para estudos em doentes que estão perdendo peso. No final dos anos 80, uma equipe do Hospital Geral de São Francisco (EUA) começou a experimentar o hormônio em pacientes de Aids emagrecidos pela doença. Os resultados foram apresentados pelo médico Morris Schambelan na conferência internacional de Aids realizada no Japão em 94. Na última sexta-feira, a médica Kathleen Mulligan -da mesma equipe de São Francisco- apresentou em São Paulo os resultados mais recentes dessas pesquisas, como uma das convidadas do 2º Simpósio Internacional de Imunologia e Oncologia. ``Os pacientes ganharam massa corpórea", disse. Ganharam peso em músculos e não em gordura. E melhoraram seu bem-estar e a qualidade de vida. As mesmas conclusões estão chegando outros centros de pesquisas dos EUA e da Europa. No Brasil, um primeiro protocolo -estudo de caso- deve ser assinado nos próximos dias. Do estudo multicêntrico participam médicos de vários hospitais, entre eles Nise Yamaguchi e Drauzio Varella. Os pacientes, todos adultos, serão acompanhados por seis meses. O produto será fornecido pelo laboratório Serono, que comercializa o hormônio Saizen no Brasil. A médica Marinella Della Negra, responsável pela Aids infantil no Emílio Ribas, disse que seria ``importante desenhar um protocolo de utilização do hormônio em crianças". Segundo ela, ``os pesquisadores constataram que as crianças ganham massa muscular e se sentem melhor." Os efeitos do hormônio de crescimento em crianças com Aids será um dos temas do 3º Encontro Nacional de Aids Pediátrica e 1º Simpósio Internacional de Aids Pediátrica marcados para novembro em São Paulo. Texto Anterior: Pesquisa aponta risco para quem vive só Próximo Texto: Evento discute combate a câncer Índice |
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