São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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'Não moro nem com a Sharon Stone'

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira pergunta que faziam a Sérgio Pereira, 43, quando pôs fim a um casamento de 18 anos era: ``Quem é sua amante?"
Não havia amante, jura Pereira. Ele só queria viver sozinho. ``Não quero mais saber de mulher em casa. Podem trazer a Sharon Stone que não tem negócio", diz, referindo-se à atriz norte-americana.
Dono de uma loja de móveis, Pereira diz que não passou por traumas no casamento.
``Minha mulher era sensacional, boa doméstica, boa mãe, mas acabou aquela coisa gostosa entre quatro paredes e preferi ficar só."
Separado há um ano e meio, diz que já teve namoradas, mas nunca dormiu uma noite sequer com uma delas. ``Não é medo de a mulher ficar em casa. É prevenção."
Pereira diz que não tem tempo de sentir solidão. Sai de casa às 6h30 e quando chega ao flat em que mora em Moema, zona sul de São Paulo, entre 19 e 21h, cozinha para ``fazer o tempo passar".
``Viver sozinho é difícil, mas não dói quando é opção. Sinto falta das minhas duas filhas", conta.
Para o diretor de TV Antonio Carlos Assumpção, 48, descasado há dois anos e que também não quer saber de mulher em casa, a dor é um pouco mais funda.
``Sinto falta do pé quente na cama, de chorar no ombro. Sinto solidão, mas nunca bateu neura".
Companhia feminina é o que não falta, segundo eles. Ambos frequentam bares para ``singles". Pereira vai ao Sala de Estar, onde solitários falam com outros solitários nos telefones instalados nas mesas, e Assumpção, ao Zeibar's.
``O mais comum é a mulherada ligar", diz Pereira. ``Eu até saio, mas no fim é como adolescente: cada um na sua casa."
(MCC)

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