São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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'Vivo sozinha porque é menos desgastante'

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Executiva de 33 anos, bonita, dona de um Suzuki Side Kick e de um Tipo, com renda mensal acima de R$ 5 mil. Interessa?
Pode tirar o cavalinho da chuva. Nátia Muniz, diretora de marketing de uma empresa que faz e administra shoppings, não quer saber de homem em seu apartamento.
``Viver sozinha é menos desgastante", afirma. ``Homem quer controlar a vida da mulher, quer saber onde você foi, a que horas vai voltar e eu não tenho horário para nada".
Julia da Cunha Lobo, 40, fiscal da Prefeitura de São Paulo, Gabriela Bartolomeo, 31, gerente financeira de uma construtora, e Rosana Domingues Costa, 32, gerente de um banco, concordam que viver sozinha é melhor.

Sozinhas por opção
As quatro passaram por histórias parecidas: casaram-se na adolescência, foram tolhidas pelo ex-marido e agora formam o bloco das ``sozinhas por opção", como define Rosana.
Gabriela tem uma tática especial para evitar que homens se bandeiem para seu apartamento -namora uma pessoa casada.
``É confortável transar com homem casado. Ele não pode cobrar nada e não há o risco de querer morar comigo", ensina.
Julia, que se casou aos 19 anos, busca aos 40 a adolescência que não teve. Ouve reggae, vai dançar no Soweto, uma casa teen, e se veste como ``patricinha", segundo sua definição: vestido curtinho de seda ``bem vaporoso" e salto alto. ``Passo por 32 anos", informa.
Homens não estão numa posição confortável no seu ranking: ``Homem é bom para consertar fio do ferro elétrico, fazer buraco na parede e mandar fazer o seguro do carro", afirma Julia.
Segundo ela, o momento mais difícil foi a separação -ficou três anos planejando porque ``tinha pânico de ficar sozinha".
Depois, chegou à conclusão de que ``era mais solitária quando estava casada".
Rosana, divorciada há sete anos, diz que o momento mais triste do dia é o jantar: ``Comer sozinha é um pouco triste. Você acaba não fazendo comida e come porcaria: sucrilhos, bolacha, chá, torrada, iogurte, miojo".
Nenhuma delas se vê como solitária. ``A melhor coisa do mundo é quando você descobre que pode viver bem sozinha. Você fica mais poderosa", afirma Nátia.
Vida sexual é um assunto tabu só para Nátia: ``Prefiro não responder". Rosana faz mistério: ``Só digo que não sou assexuada".
Gabriela conta que passou por três anos de abstenção para não correr o risco de se envolver, mas hoje diz não ter do que reclamar.
Julia é a mais explícita: ``É claro que sinto falta de sexo. Quem não sente?".
(MCC)

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