São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Razão e desespero

DEMIAN FIOCCA

Parte das reformas propostas pelo governo FHC tem a sua racionalidade. Mas parte deve-se a desespero de causa face ao despropositado custo da política de juros altos.
Abrir ao capital privado a exploração de áreas como a de energia elétrica é um meio de evitar que os atuais limites da capacidade de investimento do Estado acabem resultando na insuficiência da rede de infra-estrutura. Diferentemente, vender a companhia Vale do Rio Doce é basicamente uma tentativa de fazer caixa torrando o patrimônio.
Empresas como a Vale e a Petrobrás são também instrumentos de política econômica. E não se deve desprezar sua utilidade face ao alcance cada vez menor das políticas tradicionais. É difícil supor, por exemplo, que o preço dos combustíveis estaria estável desde julho do ano passado se o setor fosse controlado por algumas poucas multinacionais.
A ação fiscal e tributária está seriamente limitada por razões políticas. A gestão monetária está cada vez mais dependente do comportamento dos mercados internacionais.
A lógica da economia de mercado impõe a liderança do setor privado. Mas não se pode ignorar a importância do setor público como instrumento de estabilização do crescimento. O Estado precisa manter a capacidade de contrabalançar o movimento cíclico dos investimentos privados e garantir um horizonte para os projetos de longa maturação que caracterizam a economia comtemporânea.

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