São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Dólar faz peça de ouro custar menos que tênis

RAZIELE DO VAL

GRAZIELE DO VAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Os preços das jóias modernas caíram cerca de 30% no último ano, graças à racionalização do processo de produção e à defasagem do dólar frente ao real.
Uma pulseira de ouro pode ser encontrada no comércio pela metade do preço de um tênis Nike e um relógio clássico custa quase 30% menos do que um colete de lã. Um par de brincos, três mais barato do que um blaser.
Com isso, as vendas aumentaram mais de 50% no país desde a implantação do Plano Real e, surpreendendo os lojistas, têm se mantido estáveis este ano.
``As medidas de restrição ao crédito não afetaram nosso consumidor. No primeiro semestre comercializamos, em média, 30% mais do que no mesmo período de 94", afirma Daniel Sauer, diretor da Amsterdan Sauer.
``No ano passado, os joalheiros venderam tudo o que foi produzido porque os preços ficaram mais acessíveis, em comparação aos de outras mercadorias", afirma José Antônio Castro Bernardes, diretor-presidente da Casa Castro.
Segundo Sauer, na fase de conversão da URV para o real, as jóias tiveram uma desvalorização adicional de cerca de 10%.
Explica-se: os insumos usados na fabricação do produto, como ouro e pedras preciosas, são cotados em moeda norte-americana.
``Elas ficaram 10% mais baratas, em função da queda do dólar ante o real, enquanto outros produtos triplicaram de preço. Hoje, é possível comprar uma boa jóia por R$ 300 mil, valor igual ao de um vestido", diz Sauer.
``Antes, a mão-de-obra encarecia bastante o produto porque a confecção das peças era artesanal. Hoje, apesar desse trabalho ser fundamental, pode-se utilizar alguns maquinários. Então, os preços caíram", afirma Bernardes.
Pelos cálculos de Sauer, a mão-de-obra representa 30% do valor de uma jóia avaliada em até R$ 500. Acima de R$ 1 mil, esse percentual cai para 15%.
Na opinião de Bernardes, a procura por jóias está crescendo no mercado mundial. ``Estive em Nova York há alguns dias. Foram batidos todos os recordes de vendas de pedras preciosas", diz.
``A maioria das pessoas adquire uma jóia para ser usada e não pensando em vendê-la a médio prazo", conclui Sauer.
A advogada Nilma Pimenta confirma. Desde o início do Plano real, em julho de 94, ela adquiriu sete peças para uso próprio. Quatro delas, na tarde de sexta-feira.
``Faço isso por prazer. É um presente para mim mesma", diz.

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