São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Crise de liquidez tira sono do mercado financeiro

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Situação se agrava em junho, quando bancos sentirão rigor do novo compulsório
As medidas anticonsumo estão tirando o sono do mercado financeiro, com a grave crise de liquidez, a elevação da inadimplência e a virtual queda de atividade.
As drásticas restrições ao consumo retiram o fôlego dos preços. Os comerciantes terão de liquidar estoques para fazer dinheiro.
A face externa da economia também sinaliza calmaria. O saldo cambial diário não consegue fechar no vermelho graças às entradas de capital voltando às Bolsas.
A expectativa de alta do CDI resulta da forte contração monetária esperada para junho, mês em que o sistema financeiro sentirá no caixa o rigor do novo compulsório.
Para maio, a estimativa é de um CDI-over de 4,35%. E, para junho, de 4,44%. O CDI avançará a despeito da certeza de que o over-selic continuará em 4,25%.
O argumento é o de que o BC irá descongelar o over porque, mesmo se a inflação de junho subir para 3%, o over ainda garantirá bom juro real. A tendência é de o CDI-over, livre de compulsório, se desprender dos demais juros.
Nem a necessidade de captar recursos para pagar dólares a termo comprados em março fez os bancos elevarem os juros dos CDBs.
Ao contrário, o prefixado foi negociado abaixo da equivalência com o dia anterior. Os bancos foram buscar os recursos no CDI, que se deslocou do over-selic.
Enquanto o Banco Central mantinha o juro básico de 5,68%, o juro no interbancário estava em 5,79%. A pressão deve se repetir nesta semana e se intensificar a partir da segunda quinzena.
Isto porque a expectativa é de contração monetária no mês que vem. No dia 2 de junho começa o recolhimento do novo compulsório sobre os depósitos a prazo.
A perspectiva é de que os juros do CDI comecem a avançar ainda em maio. O desinteresse dos bancos em captar via CDBs vai manter as taxas do pré em baixa.
A rentabilidade dos CDBs e dos fundos de renda fixa tradicionais ficará abaixo da dos ativos que acompanham o CDI (swap CDB/CDI e fundos DI), que são a melhor opção para o investidor.

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