São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
Próximo Texto | Índice

Chirac e Jospin devem disputar voto a voto

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Quarenta milhões de franceses escolhem hoje o sucessor de François Mitterrand na Presidência, na eleição mais cheia de reviravoltas da história recente do país.
Enfrentam-se o conservador Jacques Chirac, 62 (Reunião Pela República), e Lionel Jospin, 57 (Partido Socialista).
Chirac é o favorito, mas os últimos dias de campanha foram de grande incerteza, devido à proibição da divulgação de pesquisas na semana que antecede o pleito.
As sondagens só podem ser divulgadas no exterior, o que dá origem a todo tipo de boato na França. Elas apontam o crescimento da candidatura de Jospin.
Cinco institutos de pesquisas diferentes apontavam anteontem Chirac à frente: 54% a 46% (BVA), 53% a 47% (CSA), 52,5% a 47,5% (Ifop), 52% a 48% (Ipsos) e 51% a 49% (Sofres).
Há um mês, o candidato socialista tinha apenas 42%, contra 58% de Chirac. Nas últimas 48 horas, Jospin ainda pode ter ganhado alguns pontos.
Além disso, correu sexta-feira em Paris o rumor de que uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Interior daria 51% a Jospin e 49% a Chirac.
O mesmo rumor, porém, afirmava que esses números são falsos -criados para assustar a ``maioria silenciosa" de direita e levá-la a votar em Chirac.
Se for eleito, Jospin será responsável pela maior surpresa já registrada em uma eleição francesa. Há apenas um mês, os socialistas se contentavam em chegar ao segundo turno.
Jospin, no entanto, venceu o primeiro turno, em 23 de abril, com 23,3%, contra 20,8% de Chirac e 18,5% do outro candidato da RPR, o premiê Edouard Balladur.
``Não sou candidato só para chegar ao segundo turno, mas para ganhar", já dizia Jospin em fevereiro, ao vencer a eleição primária do Partido Socialista.
Sem poder conhecer os números das pesquisas -a menos que os encontrem em jornais estrangeiros-, os franceses acompanham as reações dos políticos.
A radicalização do discurso de Jacques Chirac nos últimos dias indica a preocupação com a possibilidade de vitória da esquerda.
Chirac voltou, por exemplo, a propor um plebiscito sobre a participação da França na União Européia, para atrair o importante eleitorado antieuropeu.
Ele também insistiu na existência de um ``perigo Jospin". A vitória socialista seria perigosa para a estabilidade política e econômica da França, segundo Chirac.
O líder da extrema direita, Jean-Marie Le Pen, teve 15% dos votos no primeiro turno. Ele disse que votará em branco no segundo.
Boa parte de seus seguidores fará o mesmo. Mas outra parcela pode votar em Jospin, que propõe voto proporcional nas eleições legislativas. Isso permitiria à Frente Nacional, partido da extrema direita, ter cadeiras no Parlamento.
Atualmente o voto é distrital -um deputado é eleito por distrito, em eleição majoritária de dois turnos. Por isso, a FN não tem nenhum deputado.
O favorito para o cargo de premiê, em caso de vitória de Chirac, é Alain Juppé, 49, atual ministro das Relações Exteriores. Corre por fora o presidente da Assembléia Nacional, Philippe Séguin, 52.
A favorita de Jospin para o cargo de premiê é Martine Aubry, 44, ex-ministra do Trabalho e filha de Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Européia.

Próximo Texto: Socialista é surpresa na corrida eleitoral
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.