São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
Texto Anterior | Índice

Corredor da cocaína; Nem social, nem emergência; Tenho medo de Plínio Salgado; O Jahu; Efeito Madonna; Gasolina (1); Gasolina (2); O PT não é boiada; 1º de maio, dia do trabalhador

Corredor da cocaína
``Na primeira página da Folha de 30/4, sob o título `Máfias movimentam Brasil e meio por ano', afirma-se `que o Brasil é o maior corredor de distribuição de cocaína colombiana'. A partir de informações do Departamento de Estado dos EUA, popularizou-se a imagem de que a Colômbia é a única processadora de cocaína do mundo, afirmação que se encontra em via de ser desvirtuada em função da heróica luta que empreendem as autoridades colombianas ante esse flagelo e porque foram encontrados outros laboratórios de processamento de cocaína em outros países da área amazônica. Por outro lado, também são responsáveis por essa cadeia delituosa aqueles que em outros países lavam os dólares do narcotráfico, tanto quanto os que comerciam e localmente consomem a droga. Gostaria de saber se são conhecidos fatos concretos que permitam afirmar que o `Brasil é o maior corredor de distribuição da cocaína colombiana'; também agradeceria se fosse esclarecido se essa mesma fonte informa, como seria justo fazê-lo, se por esse mesmo corredor não circulam, em sentido contrário, os dólares para comprá-la e os produtos químicos para procesá-la, assim como os traficantes de várias nacionalidades que a transportam."
Mario Galofre Cano, embaixador da Colômbia (Brasília, DF)

Nota da Redação - Como afirma o texto da reportagem publicada, as informações constam de relatórios distribuídos pela Organização das Nações Unidas e elaborados pelo Departamento de Estado dos EUA.

Nem social, nem emergência
``Não tenho nem palavras -pelo menos que possam ser publicadas- para exprimir o que sinto ao ler matérias sobre para onde vai o dinheiro do Fundo Social de Emergência. Que pouca-vergonha! O país atravessando uma crise dessas, com caos nas áreas de saúde e educação, e o governo comprando flores nobres, consertando aparelho de cinema e organizando coquetel para diplomatas. É demais..."
Regina Santini (Santo André, SP)

``Nosso hospital, único responsável pela graduação de médicos no DF, acaba de fechar, temporariamente, o seu Serviço de Pronto Atendimento (SPA) por falta de pessoal de enfermagem. Essa falta de pessoal chegou ao ponto de impossibilitar, pela avaliação técnica do corpo clínico, o atendimento. Imaginar que os recursos de um fundo destinado para despesas da Previdência, saúde e educação sejam gastos em flores, bebidas alcoólicas, festas para diplomatas etc., enquanto nosso SPA está fechado, parece um pesadelo."
Edgar de Araújo Franco Neto (Brasília, DF)

Tenho medo de Plínio Salgado
``Com referência ao artigo de Gerardo de Mello Mourão de 3/5 (``Quem tem medo de Plínio Salgado?"), por incrível coincidência acabo de visitar um professor que participou, há 30 anos, da banca do meu concurso para professor na Faculdade de Medicina da USP. Ele rememorou como foi visitado no hotel por um grupo de professores que pediu que não aprovasse um judeu. Na USP havia um grupo de professores que deram aulas uniformizados de `galinhas verdes'. Foram responsáveis pelo concurso corrupto que preteriu Rocha e Silva, pesquisador internacionalmente famoso e de longe o melhor candidato. Felizmente, os tempos mudaram com a vitória dos aliados. Hoje a faculdade de medicina tem um número de professores semitas (árabes e judeus) que honram a faculdade e até trabalham juntos nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês."
Isaias Raw, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

O Jahu
``A respeito de um artigo publicado na edição de 23/4 da Folha, no caderno Esporte, sob o título `Nem os diamantes são para sempre', assinado pelo colunista Carlos Heitor Cony. O colunista faz uma comparação entre Ayrton Senna e o aviador João Ribeiro de Barros (a quem ele chama de Jaú por não se lembrar de seu nome). Isso, naturalmente, deveria ser motivo de orgulho para todos os jauenses, pois Ribeiro de Barros é o nosso maior herói. Mas muita gente não gostou. O motivo de tantas queixas começa quando Cony diz: `Um aviador que ameaçou a travessia do Atlântico...'. E se torna muito mais grave no parágrafo seguinte: `Acho que ele criou (ou ajudou a criar) a expressão: morreu na praia. Não chegou a concretizar a proeza, o avião caiu, mas o orgulho nacional estava tão carente de feitos que foi como se tivesse conseguido'. O hidroavião `Jahu', comandado por João Ribeiro de Barros, não afundou. Cumpriu rigorosamente sua missão, sob aplausos de milhares de brasileiros, orgulhosos por um compatriota ter sido o primeiro a cruzar pelos ares o Atlântico Sul."
Mário Schwarz, secretário de Comunicações da Prefeitura de Jaú (Jaú, SP)

Efeito Madonna
``Bastante interessante a comparação realizada entre a pop-star Madonna e os governantes brasileiros (`O efeito Madonna', de Caio Túlio Costa, Revista da Folha de 30/4). Realmente, Madonna, pelos excessos, acaba deserotizada, e os governantes brasileiros exercem o que se poderia classificar de `desgoverno'. Seria mais pertinente a comparação, entretanto, em 1992. O tripé sobre o qual Madonna leva ao extremo sua imagem `erótica', o livro `Sex', o álbum `Erótica' e a turnê `The Girlie Show' (sem contar o filme `Body of Evidence'), data desta época. Estamos em 1995, e de lá para cá Madonna já navegou para outras bandas. Pelo menos ela tem a capacidade de inovar e de renovar-se, enquanto o Brasil e os governantes brasileiros continuam nesta mesmice, neste nhenhenhém."
Renato José de Souza (Belo Horizonte, MG)

Gasolina (1)
``Como compreender que os veículos a álcool tenham a menor venda da história quando estamos arrebentando nossos pulmões, gargantas e olhos nessa ensandecida megalópole, com tanta poluição movida a gasolina?"
Irede Cardoso (São Paulo, SP)

Gasolina (2)
``Gilberto Dimenstein, em 5/5, afirma que o fim do monopólio estatal do petróleo possibilitará `comprar, no futuro, um combustível mais barato'. A gasolina vendida hoje no Brasil é mais barata que aquela comercializada na Alemanha, na Espanha, na Inglaterra, na Bélgica, na Suíça, na França, na Dinamarca, na Suécia, na Itália e no Japão, entre outros países. O fim do monopólio acarretará aumento dos preços dos combustíveis. Exemplos não faltam. Na Argentina, com o fim do monopólio e privatização da YPF, os preços aumentaram 70%."
Geide Miguel, assessora de Imprensa dos Sindicatos dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Paulinia, SP)

O PT não é boiada
``Josias de Souza surpreendeu-me com suas opiniões na edição da última segunda-feira. Um dos principais requisitos da democracia representativa é a existência de partidos representativos e com fidelidade partidária. Nesses dois aspectos o PT é o principal partido do país. Decisões tomadas devem ser cumpridas por todos. Por essa exigência, o PT deveria servir de modelo para os outros partidos brasileiros."
Luciano Zica, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

``Chega a ser uma ofensa ao leitor dessa Folha o posicionamento do sr. Josias de Souza na edição de 1/5, quando compara o PT a uma boiada no pasto. É ofensivo, em primeiro lugar, pelo desserviço proporcionado pela sua desinformação; em segundo lugar, pela parcialidade demonstrada (se bem que este é um direito que lhe assiste) e, em terceiro lugar, pelo mau gosto."
Glauber Piva Gonçalves (Votorantim, SP)

1º de maio, dia do trabalhador
``A Folha insiste em tirar dos trabalhadores a data do 1º de maio, chamando-a Dia do Trabalho. A denominação é a versão oficial e festeira dada a esse dia de luta por Getúlio Vargas e perpetuada, sobretudo, pela Rede Globo e pelo Sesi (Prêmio Operário Padrão, Jogos do Sesi etc.)."
Luís Roberto Cândido (São José dos Campos, SP)

Texto Anterior: A gramática dos direitos humanos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.