São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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o caminho das borboletas - 2

DA "SETTE"; DA REVISTA DA FOLHA

Revista da Folha
``Pairava sempre sobre nós o sentimento de culpa em relação aos que estavam em casa nos esperando", diz . Ela se refere ao marido e à modelo Adriane Galisteu, a última namorada oficial de Senna, autora do best-seller "O Caminho das Borboletas", em que narra seus dias com o piloto no mesmo estilo rocambolesco das declarações de Carol. "A cada despedida, prometíamos resolver tudo da próxima vez", diz a americana.
Isso nunca aconteceu. ``Mesmo porque, chegou uma hora que não teve a próxima vez. Todos os nossos sonhos, todos os nossos projetos, todas as nossas promessas morreram com ele", afirma.
A modelo e atriz recebeu a notícia da morte do piloto no mesmo domingo do acidente, por um amigo em comum. Ela estava em seu apartamento, em Nova York.
``arrepio premonitório"
``Quando atendi o telefone, senti um arrepio premonitório", exagera. ``Só pude chorar às escondidas, pois nosso amor clandestino não dava margem nem mesmo à solidariedade, à piedade dos outros."
Feitas as contas, chega-se a um impasse. Ayrton Senna teria mantido o caso com Carol Alt simultaneamente à sua relação com Adriane Galisteu.
Em declaração recente, a modelo brasileira negou tudo. ``Eu conheci a Carol, e Ayrton me falou que teve realmente um caso com ela, mas antes de estar comigo", disse.
E cutucou: ``Além do mais, acho esta mulher de extremo mau gosto. Ela chegou a assumir que ficou com o Ayrton porque o marido dela estava paraplégico, o que demonstra bem o seu nível."
Já a família do piloto, mantendo sua política de nunca manifestar publicamente sua opinião sobre os supostos affaires de Senna -com Adriane Galisteu inclusive-, não faz diferente nesse caso.
A atriz e modelo norte-americana não liga para a repercussão de suas declarações. Continua levando sua vida. Seu último trabalho no cinema, ainda inédito, é uma versão moderna de Anna Karenina, personagem do escritor russo Tolstói.
``Ainda falo com ele"
``Identifico-me com aquela paixão devastadora, aquele perder a cabeça, aquela febre de viver prejudicando os outros e até você mesmo..."
Toca no assunto Ayrton Senna ainda uma última vez durante a entrevista. ``Eu continuo a falar com Ayrton, continuo a pensar nele", diz.
``Mas ele não me responde mais, não corre mais ao meu encontro com aquele seu sorriso feliz. E é este silêncio que me faz mal, porque é para sempre..."

Tradução de Anastasia Campanerut

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