São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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morango, chocolate e tolerância

DO "EL PAÍS"

Ele já fez ``A Morte de um Burocrata" (1965),``Memórias do Subdesenvolvimento" (1968) e ``A Última Ceia" (1976), todos críticos ao regime. Mas foi com o recente ``Morango e Chocolate" que o cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea, 66, conquistou o mundo. O filme, sucesso de público, foi o primeiro do país a ser indicado ao Oscar (não levou) e ganhou o Festival de Berlim. Trata da relação de um homossexual com um defensor do regime de Fidel Castro na Havana atual. Agora, o diretor, que se diz ``no fim da vida", prepara ``Guantanamera", sobre a morte

O sr. é um homem satisfeito?
Fiz o que quis. Já não me resta muito tempo, então posso dizer que minha vida teve sentido.
``Morango e Chocolate" significa que Cuba está mudando?
Não. Cuba está mudando, mas não por causa dos filmes.
O sr. sairia de Cuba se não fosse livre para filmar o que quisesse?
Provavelmente sim.
Então o sr. compreende por que muitos foram embora?
Claro. Acho que há razões suficientes para justificar os que partiram. Mais que suficientes.
O cinema pode mudar a sociedade?
Não creio. O cinema age culturalmente. Tem uma influência grande, mas não se fazem revoluções a partir das telas. Os filmes são um reflexo de uma realidade, um estímulo para pensar, para mostrar caminhos. Mas não servem para levantar o povo e fazê-lo compreender a injustiça em que vive. São um grãozinho de areia.

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