São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
Texto Anterior | Índice

Acalantos e reclames

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando minha filha era pequena, adorava que cantassem para ela dormir. Inicialmente, o repertório se limitava aos triviais ``Nana Nenê", ``Boi da Cara Preta" e ``Tutu Marambá", mas logo ficou monótono e precisou de ampliação. Desconhecendo outras cantigas de ninar, e querendo letras simples e melodias adocicadas, fui direto a minhas lembranças infantis dos anos 60, em especial as músicas da ``Jovem Guarda", imperdível programa dominical da Record.
Foi assim que Marina conheceu -e aprendeu- relíquias como ``Gatinha Manhosa", ``O Caderninho", e o número de encerramento da noite, que extraí de um comercial de cobertores: ``Já é hora de dormir/ não espere mamãe mandar/ um bom sono prá você/ e um alegre despertar." E ela adormecia satisfeita, sem imaginar que, na época em que fizeram aquelas músicas, sua querida Xuxa era uma ``baixinha" e morava num rincão do Rio Grande.
Também nos anos 60, costumava-se dizer, no final dos ``reclames", que o produto anunciado estava à venda ``nas boas casas do ramo". Eu ficava muito intrigado quando ia ao centro fazer compras com minha mãe, pois lá havia Casas Pernambucanas, Casa José Silva e Casa Kosmos, mas nenhuma filial das Casas do Ramo, que eu supunha enormes e diversificadas.
Como a História anda em círculos, há poucos dias minha filha perguntou, eufórica, onde ficavam as ``Melhores Lojas". Ela descobrira, através de um comercial de TV, que nesses magazines eu poderia comprar seu desejado vídeo da Disney, tão difícil de achar.
Trinta anos depois, descobri que as Casas do Ramo mudaram de razão social, mas ainda são as únicas que vendem de tudo.

Texto Anterior: "Casa do Terror" não faz rir nem assusta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.