São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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"Casa do Terror" não faz rir nem assusta

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

Uma das idéias era seguir a trilha do cineasta Ivan Cardoso e levar o gênero ``terrir" (terror + rir) ao ar nas noites dominicais. Mas com ``Casa do Terror", a Globo não atingiu nem o medo nem a risada.
O programa humorístico, que estreou no domingo passado, não chega a alcançar o engraçado clima mambembe da trilogia de Cardoso (``As Sete Vampiras", ``O Segredo da Múmia" e ``O Escorpião Escarlate").
Não tem sucesso, igualmente, se a referência são os obrigatórios enlatados norte-americanos do mesmo estilo (os clássicos ``A Família Addams" e ``Os Monstros").
Afinal, o que consegue ``Casa do Terror"?
O primeiro episódio, ``A Vingança de Edmundo ou Drag Não É Droga: Pratique!" serviu para Ney Latorraca reviver seu gasto papel na peça ``O Mistério de Irma Vap".
Serviu também para o carnavalesco Chiquinho Spinosa mostrar que aprendeu direitinho a lição ao assistir o filme ``Priscilla"; para o diretor Roberto Talma perceber que é ``TV Pirata" quem pode e não quem quer; e para Luciana Vendramini confirmar que, como atriz, é ótima modelo.
Nem tudo foi horror, porém. Dois momentos bons: as três drags abanando a avó com a aba do vestido e a câmera mostrando um móvel quando a protagonista dizia ``eu era a sua criada, muda".
``Doméstica de bacana"
``Você Decide" reestreou em novo dia e horário com o mesmo jeitão, com a mesma cara. No caso, de Raul Cortez. O ar cínico, a presença do ator são ponto alto da série.
Interativo (mas não muito) produto de exportação, o programa voltou com a história de uma ``doméstica de bacana", nas palavras de Cortez. O espectador deveria decidir se a personagem delatava ou não seu irmão ladrão.
Mudou: repórteres de verdade (no lugar dos atores de antes) entrevistam o povo nas ruas. Mas não muito: o voto popular continua um primor de desinformação. Por muito pouco, não se decidiu por se acobertar um crime.
A volta da impetuosa
Trocou de diretor (de Tadeu Jungle para Cao Hamburguer), de emissora (da Manchete para a Bandeirantes), de horário (agora é aos sábados à noite). Mas o programa ``Gente de Expressão" continua com Bruna Lombardi.
Bruna, atriz, tem em seu currículo entrevistados de fazer inveja a muito jornalista. Vão do cineasta Oliver Stone ao stone Keith Richards, do ator Harrison Ford à escritora Isabel Allende, entre muitos outros. Como entrevistadora, é marcante, impetuosa.
Seu programa vai direto ao assunto (sem ``estamos aqui para entrevistar Fulano..."), tem boa edição (alterna trechos da entrevista com imagens pertinentes) e a câmera, mais fechada, funciona bem.
Problemas solúveis: às vezes Bruna é pouco objetiva, abre muito o leque. Não conclui alguns pensamentos. E ``interpreta" as perguntas.
Dercy é a mãe
Dercy Gonçalves como apresentadora-convidada especial do ``Casseta & Planeta": era o que faltava.
Na volta do programa, na última terça, a ``mãe" do humor nacional matou a cobra e mostrou o pau. Alguém ainda lembra de Doris Giesse, Kátia Maranhão? Ou da atual, Maria Paula?

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