São Paulo, segunda-feira, 8 de maio de 1995
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Adeus baixinhos

CIDA SANTOS

A era dos baixinhos parece mesmo ter chegado ao fim no mundo das grandes seleções de vôlei. O último sinal foi dado pelos Estados Unidos. Eric Sato -o baixinho mais ilustre da geração de ouro norte-americana- foi dispensado da seleção. O motivo? Seu 1,81 m já não combina com a modernidade do esporte, que agora exige atacantes altos também no fundo da quadra.
A tendência já aparecia clara no Campeonato Mundial da Grécia, no ano passado. Basta pegar o caderno oficial da competição e verificar. Dos 283 atletas inscritos pelas 16 seleções participantes, Eric Sato era o único que no item posição estava escrito ``back row", ou seja, especialista em fundo de quadra. Sem condições de atuar na rede, ele entrava apenas para sacar, passar e defender.
Não deve ter sido fácil para o técnico Fred Sturm dispensar Sato. Ele é uma marca registrada do time. Nos nove anos, o ``baixinho" ajudou a conquistar o título mundial (86) e um olímpico (88). Aliás, foi dele o saque que deu aos EUA o ponto final sobre a então URSS, nos Jogos de Seul. Há quem diga que Sato é o atleta que mais pontos de saque fez na história do vôlei do país.
Mas os tempos são outros. O vôlei vive na era do ataque total e de jogadores capazes de atuar em todas as posições. É o fim dos especialistas. Se até há alguns anos era uma opção ter um Sato no fundo da quadra para acertar o passe e a defesa, hoje representa um prejuízo. Um atleta moderno tem que saber atacar do fundo. Caso contrário, o time perde -e muito- o poder ofensivo.
O mundo no vôlei hoje é dos grandões. O atacante Bob Ctvrtlik, 1,93 m, diz que ainda tem um lugar na seleção norte-americana porque os atletas altos convocados não têm a mesma qualidade do passe dele. Mas quando isso acontecer, ele sabe que também vai ter que deixar o time.
Brasil e Itália, que nos últimos anos têm traçado as novas tendências, são exemplo disso. O passe, nas duas seleções, é feito por jogadores bem mais altos: Tande (2,01 m), Giovane (1,96 m), Bornardi (1,99 m) e Cantagalli (1,98).
Falando em Brasil, é bom lembrar que nesta semana o time já põe o pé na estrada. Sexta-feira, a turma viaja para a Holanda para fazer dois amistosos com a seleção local. Um aquecimento para a Liga Mundial, que começa daqui a 11 dias. Os brasileiros terão pela frente, na mesma chave, Espanha, Cuba e os Estados Unidos, sem Sato.

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