São Paulo, segunda-feira, 8 de maio de 1995
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Montreux repete noite baiana em julho

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A música brasileira volta a aparecer com destaque na programação do Montreux Jazz Festival -um dos mais concorridos eventos musicais da Europa, que vai acontecer na cidade suiça de 7 a 22 de julho.
Como vem fazendo desde os anos 70, em sua 29ª edição o festival suíço reserva uma noite para a música popular brasileira. Além disso, promete repetir a fórmula da noite baiana, que estreou com sucesso no festival do ano passado.
As bandas Olodum, Timbalada, Asa de Águia e Mel serão as atrações da ``Bahia Night", que vai ocupar o Stravinski Hall, palco principal do evento, no dia 9 de julho (veja destaques ao lado).
O elenco da tradicional ``Brazilian Night", marcada para dia 8, ainda não foi fechado. Mas uma coisa é quase certa: como nos anos anteriores, os ingressos para essa noite devem ser os primeiros a sumir das bilheterias.

Tributo a Jobim
A presença brasileira em Montreux também se estende a outras noites. O programa de encerramento, no dia 22 de julho, destaca dois músicos com enorme projeção no exterior: o violonista Baden Powell e o pianista Sérgio Mendes.
Sem falar no tributo a Tom Jobim, que o saxofonista norte-americano Joe Henderson exibe no dia 18, em noite comandada por artistas do selo de jazz Verve.
Henderson vai revisitar a bossa de Tom Jobim como fez em seu novo CD ``Double Rainbow", que acaba de ser lançado no Brasil. Ao lado do jazzista norte-americano estarão mais uma vez o violonista Oscar Castro-Neves e o baixista Nico Assumpção, que o acompanharam no disco.
Apesar de conservar o rótulo de festival de jazz, a cada ano Montreux se torna mais eclético. A abertura desta edição não poderia ser menos ortodoxa: o show do mestre do funk George Clinton com músicos de sua irreverente banda Parliament/Funkadelic.
Uma corrente pop que vem ganhando espaço no evento é o rap. Além da ``Rap Night" (no dia 10), com Ice T, Body Count e Supreme NTM, as fusões do hip-hop com o jazz comparecem nos shows de Guru (em nova versão de seu projeto Jazzmatazz) e do britânico James Taylor Quartet.
Sempre presente em Montreux, o blues está bem representado em duas noites. Mais jovens, Lucky Peterson e Johnny Copeland comandam a festa do dia 17. Já no dia 11 é o ``rei" B.B.King quem vai abençoar a platéia.
Na praia do rhythm & blues e do soul também não faltam veteranos, como James Brown, Wilson Pickett, Van Morrison ou Dr. John. E ainda um hype recente e polêmico: o garotão Jamiroquai.

Jazzistas
A programação deste ano destaca menos cantores na área do jazz. Além do mestre Tony Bennett, os vocais ficam por conta do quarteto Manhattan Transfer, da norte-americana Dianne Reeves e da portuguesa Maria João.
Assim, acaba sobrando mais espaço para os instrumentistas. Veteranos como Jimmy Smith, John McLaughlin, George Benson, Monty Alexander e Randy Weston vão dividir o palco com jazzistas bem mais jovens, como Julian Joseph e Courtney Pine.
Dois desses novatos estão na chamada crista da onda. O pianista Jacky Terrasson, 29, tem sido alvo dos maiores elogios. O mesmo acontece com o saxofonista James Carter, 25, que ameaça repetir o recente impacto provocado por Joshua Redman.
Segundo a produção, no ano passado cerca de 120 mil espectadores frequentaram as 16 noites do festival, incluindo os shows gratuitos, que são realizados ao ar livre. Um número com grandes chances de ser superado em 95.

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