São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresário assessora programa

WILLIAM FRANÇA
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso continua utilizando profissionais de comunicação sem contrato para assessorá-lo na realização de programas oficiais. Ontem, o ex-presidente da Radiobrás e dono da empresa de assessoria Som e Letras, Antônio Martins, ajudou-o na gravação do seu programa semanal de rádio.
Martins trabalhou na campanha cuidando justamente do programa de rádio. Segundo a sub-secretária de Imprensa da Presidência, Ana Tavares, Martins assistiu à gravação do programa e ``deu uns toques" ao presidente sobre o que deveria ser corrigido.
FHC leu um texto que foi previamente analisado por Martins. Segundo Ana Tavares, o presidente segue o texto ao gravar o programa ``Palavra do Presidente", que vai ao ar às terças-feiras, mas se permite alguns ``cacos".
``Cacos" significam pequenas improvisações acrescentadas ao texto original. Podem ser também comentários ou pequenas análises.
Martins disse à Folha, momentos antes de acompanhar a gravação no Palácio das Laranjeiras, às 12h45, que estava ali apenas como um amigo. Ele não disse que acompanharia a fala do presidente.
Ana Tavares chegou a comentar que, ``infelizmente", Martins não presta serviço ao governo. ``Até gostaria que ele estivesse conosco", completou.
A empresa de Martins, Som e Letras, é uma das três agências que teriam feito um acordo, no início de fevereiro, com o PSDB -partido do presidente.
Pelo acerto, as agências receberiam pelo partido e prestariam assessoria gratuita ao governo. A contratação via PSDB foi uma fórmula de fugir à lei de licitações, mas encontra respaldo na lei eleitoral.
A lei de licitações proíbe que o governo contrate agências de publicidade sem licitação. Já a lei eleitoral não proíbe que empresas sejam contratadas por partidos para dar assessoria ao governo.
Além da Som e Letras, participariam do esquema via PSDB a agência de publicidade DM-9 e o instituto de pesquisa MCI (Marketing e Comunicação Institucional), que também trabalharam na campanha.
A DM-9, dos publicitários Geraldo Walter e Nizan Guanaes, fez dois trabalhos gratuitos logo no início do governo. Criou a logomarca ``Governo Federal", usada nas publicidades oficiais, e o slogan ``Acorda Brasil! Está na hora da escola", em defesa da educação.

Texto Anterior: Programa de FHC fala do FGTS
Próximo Texto: FHC faz promessas na CNN
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.