São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995 |
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Balas atingiram cabeça e tórax
FERNANDO MOLICA
Os corpos foram levados por policiais para o hospital Getúlio Vargas, na Penha (zona norte do Rio). Segundo um médico do hospital, a maioria das perfurações foi feita por armas pesadas, como fuzis e escopetas. Até as 19h de ontem, a polícia não havia solicitado perícia nos locais onde as 14 pessoas foram mortas. A perícia deveria ter sido feita antes da remoção dos corpos. Dois dos corpos estavam com as mãos amarradas com cordas. O diretor do Getúlio Vargas, Samuel Sztyglic, afirmou que as mãos foram amarradas no hospital, para evitar que os braços ficassem abertos quando começasse o processo de enrijecimento dos corpos. O diretor do Instituto Médico Legal do Rio, Alexandre Maluf, afirmou que não é comum se amarrar mãos de cadáveres. Segundo ele, a rigidez cadavérica começa a ocorrer cerca de seis horas depois do óbito e se desfaz geralmente após a 12ª hora. Só um dos mortos havia sido identificado: Cosme Rosa Genoveva, 18, morador de São João de Meriti (Baixada Fluminense). Segundo seu irmão Alessandro, Cosme era casado e tinha um filho. Alessandro disse que o irmão era ligado ao tráfico de drogas. Ao chegarem ao hospital, por volta de 12h, com três mortos, policiais civis gritavam ``vitória". Eles estavam na perua de um morador da favela. A perua tinha, no vidro traseiro, um adesivo da campanha ``Rio, desarme-se". Sztyglic afirmou não estranhar que as vítimas tenham sido levadas para o hospital já mortas. Segundo ele, o fato pode ocorrer por duas razões: dificuldade em se atestar a morte e prevenção de eventuais problemas para remoção posterior. Texto Anterior: Polícia invade favela e mata 14 pessoas Próximo Texto: Rio tem 1 assassinato por hora Índice |
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