São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995 |
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Betinho quer esvaziar favelas
AZIZ FILHO
Para Betinho, líder da Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida (campanha contra a fome), o governo estadual e as Forças Armadas têm ``dificuldades de reconhecer o estado de guerra" que o Rio vive. ``Eu esvaziaria as áreas. O Exército poderia oferecer barracas a quem quisesse fugir das áreas de guerra", afirmou. Segundo Betinho, os moradores das favelas onde há conflitos entre traficantes não se mudam porque não têm para onde ir. Betinho defendeu a proposta do ``estado de guerra" durante entrevista ao lado de Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio). Ruth Cardoso afirmou que ``a violência chegou a um nível que é novo para nós". Ela disse estar ``absolutamente chocada, sem saber o que pensar" em relação à violência no Rio. Em discurso na cerimônia de sua posse como presidente do Comitê das Entidades Públicas da Ação da Cidadania, Betinho afirmou que ``Rio e São Paulo são campeões nessa guerra civil que tem o narcotráfico como estopim". O sociólogo afirmou que ``não basta estancar" o quadro de miséria no país, mas é necessário revertê-lo. ``É preciso reverter isso, senão aqui será um país invivível", afirmou, inventando uma palavra nova para descrever a situação. Segundo ele, houve uma escalada da violência na cidade após o convênio do governo estadual com as Forças Armadas para combater o crime. ``No começo foi difundido que teríamos uma guerra e o Exército venceria essa guerra. Com o tempo, perceberam que o Exército não poderia vencer essa guerra", afirmou. Texto Anterior: Polícia invade favela e mata menino Próximo Texto: Polícia do Rio adota estratégias de guerra Índice |
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