São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Acordo não sai e greve na saúde continua

SERGIO TORRES
EM SÃO PAULO

A possibilidade de um fim breve para a greve dos funcionários estaduais da área de saúde deixou de existir ontem à tarde após mais uma reunião entre dirigentes do comando de greve e o secretário estadual de Saúde, José da Silva Guedes.
Ao final da reunião, os dois lados continuavam irredutíveis. Os grevistas insistem em suas reivindicações e o secretário insiste em não atendê-las.
A greve na área de saúde começou em 10 de abril. Os grevistas pedem a reposição de perdas avaliadas entre 133% e 197% do valor dos salários, a incorporação de gratificações ao salário-base, a definição de uma data-base e o reajuste do vale-alimentação.
A reunião à tarde foi convocada às pressas, depois que uma passeata de grevistas tumultuou ainda mais o já complicado trânsito dos Jardins (zona oeste), nas imediações do hospital das Clínicas.
Na passeata, os grevistas reclamavam que o secretário havia desmarcado uma reunião de negociação que estaria prevista para as 8h. A Secretaria negou que o encontro estivesse agendado.
O vice-presidente do SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo), Duvanier Paiva, calculou em 1.500 o número de manifestantes. O serviço de segurança da secretaria avaliou que havia 300 grevistas na passeata e na assembléia.
A greve foi mantida por unanimidade na assembléia. O Estado tem 78 mil funcionários na área de saúde. O SindSaúde é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
A atendente de nutrição Carolina Graciano, 44, arrastou uma cruz pelos 200 m percorridos pela passeata entre o prédio da administração do hospital das Clínicas e a sede da secretaria. Com lágrimas escorrendo pelo rostos, ela pedia uma solução para a greve. "Meu salário-base é de R$ 27. Para sustentar casa e três filhos pequenos tenho que trabalhar como faxineira", disse.

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