São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995 |
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Queda do dólar preocupa Banco Central
ALBERTO FERNANDES
Depois de ter sido negociado, na semana passada, por um preço próximo de R$ 0,92, o dólar comercial (exportações e importações) fechou cotado ontem a R$ 0,895. A queda, em relação ao dia anterior, foi de 0,67%. Na avaliação do BC, segundo a Folha apurou, sem uma intervenção do governo, a queda do dólar deve continuar. A queda do dólar incentivaria as importações e provocaria resultados deficitários na balança comercial (quando as importações superam as exportações). A balança é deficitária desde novembro do ano passado. Desde janeiro, após a crise mexicana, o governo tem adotado medidas para reduzir o consumo e, por tabela, as importações. Desde março, o governo não compra dólares com o objetivo de influenciar a cotação desta moeda no mercado comercial. Assessores do BC manifestaram preocupação com a velocidade da queda. A Folha apurou que o governo ainda não voltou a comprar dólares porque teme que o mercado interprete o movimento como uma sinalização de mudança nos limites máximo e mínimo para o preço do dólar em relação ao real, a chamada banda cambial. Por outro lado, o BC avalia que poderá ser um erro deixar o dólar atingir seu atual piso, de R$ 0,88. Exatamente por enfrentar um problema na balança comercial, essa queda sinalizaria aos mercados problemas adicionais para os exportadores. Segundo os técnicos ouvidos pela Folha, a tendência de queda do dólar deve levar a moeda norte-americana próxima a este piso. Ingresso O principal motivo que sustenta a queda da cotação do dólar é a forte entrada de moeda estrangeira no país em maio pelo mercado de câmbio (compra e venda de dólares direcionados às aplicações financeiras e ao comércio externo). Nos oito primeiros dias do mês, entraram US$ 466 milhões. Se a tendência continuar, será o primeiro movimento mensal positivo de câmbio no ano. Para evitar sobressaltos ao mercado, o BC está analisando formas alternativas de comprar dólares. Os leilões são a forma mais comum, em que qualquer interessado (a compra é feita sempre através de bancos) pode negociar diretamente com o BC, fazendo ofertas. Mas esta forma poderá ter um impacto maior sobre os preços que o desejado pelo governo. Por isso, estuda-se a efetivação de compras em operações chamada pontuais. Nelas, o governo adquire moeda de algumas grandes instituições que têm excesso de dólares -especialmente dos ``dealers" (bancos que atuam no mercado em nome do BC). Outra alternativa é a ação por meio de um representante, como, por exemplo, o Banco do Brasil. Assim, o BC não apareceria publicamente como comprador. A tentativa é a de evitar especulações sobre uma eventual mudança na banda cambial. O temor do governo é o excessivo nervosismo do mercado, demonstrado em março, quando os bancos compraram R$ 3,8 bilhões em dólares do BC, em um movimento especulativo originado pela mudança na política cambial do governo. Texto Anterior: Fator político ajuda, diz Reed Próximo Texto: Ministro do Chile fala das reformas em seu país Índice |
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