São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Endividados podem dar segundo mandato a Menem

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Cerca de 36% dos argentinos que vão às urnas no próximo domingo têm dívidas em prestações de financiamentos para compra de imóveis, automóveis, eletrodomésticos, vestuário e crédito pessoal, de acordo com dados do Banco Central. Juntas, as dívidas somam US$ 12,6 bilhões.
Segundo o Centro de Estudos de Opinião Pública, isto quer dizer que quase 8 milhões, do total de 22 milhões de eleitores, estão pagando alguma prestação, contraída durante a fase inicial de abundância de crédito do governo Menem.
Esta dívida por famílias e pessoas físicas terá um papel importante nas eleições. A maior parte dos financiamentos foi contraída em dólares.
Isto quer dizer que o valor em pesos da prestação aumentaria caso houvesse uma desvalorização do peso argentino frente ao dólar.
O presidente Carlos Menem, candidato ao segundo mandato, conta com o voto dos endividados.
O raciocínio dele é que estes eleitores temeriam uma desvalorização da moeda frente ao dólar (processo já conhecido como ``voto prestação") no caso de vitória de um candidato de oposição.
O coordenador da campanha de Menem, Alberto Koham, disse em entrevista à Folha que ganharia as eleições porque ``as pessoas sabem que somente o Partido Justicialista (de Menem) pode conservar a conversibilidade (um peso equivale a um dólar)".
Desde ontem, Menem começou um desfile pelos principais programas de entrevistas da TV argentina, estratégia de campanha que prosseguirá até amanhã, quando se encerra legalmente qualquer tipo de atividade eleitoral.
O principal tema abordado por Menem nos programas de televisão é o programa econômico.
Repete que encontrou o país com uma inflação mensal de 200% e termina o governo com a previsão de um índice anual de 3,9%. O câmbio está congelado desde abril de 1991: um peso vale um dólar.
O principal adversário de Menem, o senador José Octavio Bordón, critica o programa econômico do governo atual, mas afirma que pretende manter, se eleito, as atuais regras cambiais.

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