São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Arquivo militar; Banco do Brasil; Língua escrita; Disque-Bovespa; Violência no Rio; Edmundo; Gal Costa; Malba Tahan; Justiça Militar; Greve no metrô

Arquivo militar
``Com relação à notícia divulgada na edição de 23/4, pág. 1-8, sob o título `Arquivo militar', de responsabilidade de Luís Nassif, passo a informar o seguinte: o próprio jornalista confessa que foi a partir de acórdão da OAB que ele teve conhecimento da notícia. De efeito, o jornalista Rondon de Castro, do `Guia Jurídico', telefonou-me solicitando informações sobre o assunto, bem assim autorização para receber cópia da documentação, no que foi prontamente atendido. Lamentavelmente, a notícia sobre o relatório não corresponde à verdade dos fatos. O relatório e o voto que elaborei e que foram aprovados pelo egrégio Conselho Federal da OAB não silenciam sobre a matéria e condenam todo e qualquer método investigatório que atinja os direitos humanos. E não poderia ser outra a conduta da OAB! A referência a Cuba deveu-se ao fato de o documento fazer menção específica aos adventícios daquele país. Portanto, a OAB cumpriu seu papel histórico, mais uma vez, com relatório pleno sobre toda a matéria analisada."
Paulo Lopo Saraiva, conselheiro federal da OAB-RN (Natal, RN)

Resposta do colunista Luís Nassif - O parecer da OAB versava sobre um documento que orientava o interrogatório de pessoas que retornavam de Cuba. O documento é um verdadeiro manual oficial de tortura da época, e a questão cubana, mero apêndice. O relator limitou-se a condenar o apêndice, a enaltecer extemporaneamente o regime cubano (se fosse contra visitantes do Chile podia?) e a condenar um genérico ``qualquer método investigatório que atinja os direitos humanos". O papel histórico da velha OAB consistia em correr riscos em defesa dos direitos humanos.

Banco do Brasil
``A propósito da matéria `Normas sofrem alteração para favorecer o BB', publicada dia 5/5 nesse jornal, tendo em vista o equívoco cometido pelo autor, ao se referir ao Banco do Brasil, esclarecemos: a) A regulamentação do Bacen (Banco Central) relativamente ao acordo da Basiléia foi alterada para corrigir distorções no tratamento entre os títulos da dívida externa e os da dívida interna, cuja categoria de risco é idêntica, por se tratarem ambos de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional; b) O prejuízo de R$ 178 milhões, constante da matéria, não tem relação com os títulos da dívida externa, uma vez que se refere ao reconhecimento de perdas cambiais em aplicações em títulos públicos federais mantidos em carteira, indexados ao dólar, conforme comunicado anteriormente. Como a chamada da matéria dá idéia de que a decisão do Bacen objetiva `privilegiar o Banco do Brasil', solicitamos a retificação com o mesmo destaque da matéria original."
José Ricardo de Antonio, secretário-executivo de Comunicação, interino, do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia correção na seção Erramos, abaixo.

Língua escrita
``A professora Olgária C. F. Matos escreveu no caderno Mais! de 7/5 que `jamais cogitou-se unificar o alemão germânico e o austríaco'. Cara professora, uma vez aprendi que o alemão padrão (Hoch Deutsch) foi criado artificialmente a partir das dezenas de dialetos falados pelos povos que formariam a nação alemã para ser sua língua escrita, oficial. A Áustria e a Suíça adotaram esse mesmo padrão, de tal modo que hoje, na Suíça, fala-se o suíço, mas se escreve o alemão. Não seria bom que houvesse, também, um português padrão, escrito, unindo os povos que uma vez pertenceram à grande nação portuguesa?"
Radoico Câmara Guimarães (São Paulo, SP)

Disque-Bovespa
``O `Disque-Bovespa' parece estar com seus dias contados, já que a Bovespa está querendo implantar o serviço pela linha 900, ao preço absurdo de R$ 0,90 a chamada. O investidor terá de ter um grande lucro para se dar ao luxo de gastar quase R$ 500 por mês só para acompanhar as cotações, já que são veiculados 12 boletins diários. O pequeno investidor ficará privado de seu direito de acompanhar as cotações de forma simples e barata."
Antonio C. F. Baraccat (São Paulo, SP)

Violência no Rio
``Será que são mesmo traficantes que estão sendo mortos pela polícia do Rio?"
Marcos Moreno (Varginha, MG)

Edmundo
``O jogador Edmundo tem toda a razão quando diz que `os dirigentes (do Palmeiras) têm que ter vergonha na cara', pois até agora não tiveram coragem de bani-lo de vez do clube."
Joel Lopes Trigo (São Paulo, SP)

Gal Costa
``Pretensão. É a palavra que me vem à cabeça ao ler a entrevista com a cantora Gal Costa, na edição de sábado último. Comparar-se a um ponto médio entre Maria Bethânia e Elis Regina é demais. Ainda mais se tratando de uma cantora que se deu muito mal com um show de `vanguarda', `dirigido' por Gerald Thomas (o rei da névoa), posando de revigorada e repaginada. Cai na real, dona Maria da Graça, existe vida e voz inteligente na MPB além da senhora."
Fernando S. Leão-Castilho (São Paulo, SP)

Malba Tahan
``Sábado, 6/5, sentimos que um jornal como a Folha tenha deixado passar em branco o centenário de nascimento de um brasileiro tão especial como Júlio César Mello e Souza Malba Tahan. Seus livros continuam atuais, e `O Homem que Calculava' sempre é presença obrigatória em sala de aula. Esperamos que ainda haja tempo para que corrijam este esquecimento."
Márcio Calza e Iuná Calza (São Bernardo do Campo, SP)

Justiça Militar
``Cumprimentamos a Folha pela matéria `Atraso do julgamento inocenta coronéis' (8/5), do repórter Claudio Julio Tognolli, que oferece dados rigorosos sobre a dificuldade da Justiça Militar em punir maus policiais militares, consagrando-se a impunidade e a insegurança da população. Já é tempo de o Congresso Nacional restaurar a competência da Justiça civil para os crimes das polícias militares."
Paulo Sérgio Pinheiro, Fernando Millan, Maria Ignes Bierrenbach, pela Comissão Teotônio Vilela e Núcleo de Estudos da Violência da USP (São Paulo, SP)

Greve no metrô
``Não é possível que nós (povo) tenhamos que engolir tudo o que acontece e não possamos fazer nada! Acho um abuso essa greve dos metroviários. Será que já não basta o governo querer nos fazer de paspalhos? Agora também esses grevistas e sindicalistas, que deveriam estar do lado do povo."
Adriane Ribeiro (São Paulo, SP)

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