São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Crônica de uma morte anunciada

Em 1976, o jornalista e atual governador do Rio Grande do Sul, Antonio Britto, trabalhava na Rádio Guaíba. O presidente João Goulart morreu no dia 6 de dezembro daquele ano. E Britto recebeu em seguida um telefonema de Brasília, dando instruções sobre como noticiar o ocorrido.
Uma autoridade militar dava duas opções. Não noticiar a morte de Jango, ocorrida no Uruguai. Ou informar secamente, sem revelar o local do enterro.
É que meses antes, em agosto, morrera Juscelino Kubitschek. Foi uma comoção nacional. Espoucaram manifestações contra o governo militar por ocasião do enterro. E o presidente da época, Ernesto Geisel, não queria correr esse risco de novo.
Britto, que 11 anos mais tarde seria o porta-voz da morte de Tancredo Neves, traçou uma estratégia com outras rádios de Porto Alegre para driblar a censura.
No dia seguinte à morte, às 6h da manhã, um horário desprezado pelos censores, a Rádio Guaíba informou que Jango seria enterrado em São Borja, sua cidade natal.

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