São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Empresários não discursam e ato vira show

DA REPORTAGEM LOCAL

O ato ``Reforma Sim" reuniu ontem cerca de 6.000 pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, segundo a Polícia Militar. O evento foi promovido por 30 entidades empresariais e pela Força Sindical.
Já os organizadores estimaram o público em 15 mil. Segundo Paulo Butori, presidente do Sindipeças (entidade que reúne a indústria de autopeças), 5.000 pessoas foram trazidas por empresas do setor.
Houve apenas um discurso e foi estimulado pela pergunta do cantor sertanejo Zezé di Camargo, ao final do evento: ``Acabou o medo? Vai falar ou não vai?". O deputado tucano Goro Hama, então, foi o único a defender as reformas.
O ato começou às 18h30 e acabou às 21h30. Durante todo o tempo, nenhum líder dos sindicatos patronais discursou. Houve só os shows do grupo Raça Negra e da dupla Zezé di Camargo e Luciano. Butori justificou a falta de discurso dizendo que isso seria ``antipático". Para Joseph Coury, presidente do Simpi (sindicato de pequenas e médias empresas), ``a massa silenciosa não fala, age".
Segundo ele, foram gastos R$ 180 mil, pagos pelas 30 entidades.
Luiz Antônio de Medeiros, líder da Força Sindical, compareceu. Deixou o local antes das 19h30.
A Folha apurou que o sindicalista queria ter discursado, mas teria sido impedido pelos empresários -para quem o evento ``era apenas um show".
Antes de sair, Medeiros afirmou que o ato era ``dos sindicatos patronais". ``O nosso é amanhã", disse, referindo-se a evento pró-reforma que faz hoje em São Paulo.
Medeiros disse também que a Força não contribuiu com dinheiro para a manifestação de ontem.
Sem discurso, houve gente que sequer sabia a razão do evento. Valdomiro Campos, 52, disse que estava ali por ter ``ouvido falar de um show". Foram distribuídas cartilhas explicando as reformas.
O vice-governador do Estado, Geraldo Alckmin, representando Mário Covas (PSDB), esteve presente só no início da manifestação.

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