São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995 |
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Museu do Ipiranga escava seu passado
SYLVIA COLOMBO
O subsolo está sendo escavado para virar um espaço de exposição e pôr à mostra uma parte de sua reserva técnica, cujos objetos têm ficado escondidos do público. O museu está sendo reformado com verbas da USP, Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Ministério da Cultura. Entre as principais novidades estão a pintura do edifício e a abertura das exposições ``A Cidade que Virou o Século: São Paulo 1880-1910" e ``O Cotidiano do Século XIX". ``O objetivo é abrir o Museu para o grande público, transferindo pesquisa e administração para outro prédio", disse o diretor José Sebastião Witter. Ele quer caracterizar o museu para o público mais como entretenimento do que como ambiente de pesquisa. ``Que interessa dizer para as pessoas que há um questionamento de historiadores sobre a veracidade da cena do quadro de Pedro Américo; elas acham que foi daquele jeito e isso não o invalida." O quadro de Pedro Américo, ``Independência ou Morte" (1843-1905), que está no salão nobre do museu, retrata o episódio do grito de independência, às margens do riacho do Ipiranga. A exposição ``A Cidade que Virou o Século" deve ser inaugurada no dia 6 de setembro próximo. Painéis, fotos, móveis e o próprio museu são objetos da mostra. Está sendo aproveitado material de recentes prospecções arqueológicas do subsolo da região do Ipiranga. ``Era uma região rica em olarias e pequenas fábricas." Entre os objetos ``inéditos", será exibida a ``Revista Industrial", que está em fase final de restauração. Trata-se de um álbum artesanal com fotos, aquarelas, postais e documentos sobre casas de comércio e indústria do ano de 1900. Este álbum, de autoria de Jules Martin (desenhista e litógrafo francês que introduziu a litografia em São Paulo, em 1869), foi levado para Paris para a Exposição Universal (feira industrial que reunia representantes de diversos países). Muita coisa ainda está guardada e não vai poder ser vista tão cedo. O acervo do museu é muito maior que seu espaço para exposição. A reserva técnica, nas condições em que se encontra, sem climatização e sem boas condições de armazenamento, põe em risco a manutenção dos objetos. ``A preocupação não é tanto com o centenário, mas mais com o que vai ficar daqui a cem anos", diz Witter. Um exemplo da ação do tempo sobre o monumento (como o prédio é conhecido) pode ser vista por meio de uma comparação entre a época em que foi construído e hoje. ``O parque era um terreno plano. Depois do afundamento causado pela construção da av. Nazaré, o prédio hoje ocupa o alto de uma `montanha artificial'." Texto Anterior: Músicos brigam com gravadoras Próximo Texto: Bomba! Grevistas distribuem galinha! Índice |
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