São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Quanto mais rápido melhor

O programa de privatização vem recebendo um fôlego adicional. Em parte, trata-se apenas da reafirmação de intenções, sem novidades. É o caso da Companhia Vale do Rio Doce, cuja privatização tem sido reafirmada. Mas há também uma nova disposição, um sentimento de urgência que parece tomar o espírito das autoridades. Em boa hora.
O presidente Fernando Henrique Cardoso tem insistido na importância de proceder com cautela nessa área, não em função de dúvidas doutrinárias, mas simplesmente com o objetivo de assegurar que não ficarão dúvidas, de ordem jurídica e processual, sobre os vários casos de privatização.
Entretanto o ministro José Serra, que assumiu a presidência do Conselho Nacional de Desestatização, vem na prática imprimindo um ritmo mais agressivo à estratégia de privatização. Os efeitos positivos dessa nova disposição já se fizeram sentir nas Bolsas, animadas com a perspectiva de novos negócios e atração de capitais externos.
Segundo o ministro do Planejamento, o governo quer arrecadar em 95 mais de R$ 1,2 bilhão com a privatização de nove empresas. Com a venda da Escelsa (Centrais Elétricas do Espírito Santo), que deverá acontecer em julho, o governo pretende arrecadar R$ 418 milhões. O restante virá com a venda da participação minoritária do governo em oito empresas petroquímicas.
Há motivos de sobra para acelerar a privatização ou, pelo menos, mostrar maior disposição para intensificar a venda de empresas públicas. O Plano Real passa por uma delicada fase de ajustes. Criar um horizonte de ajuste patrimonial no setor público pode ajudar a reforçar os fundamentos fiscais da estabilização. E a atração de recursos externos, que visam à privatização, na prática reforça a estratégia de estabilização dos fluxos cambiais com dinheiro de longo prazo.
Mas falta ver se no percurso da retórica à ação não haverá novas delongas. Como diz o próprio ministro José Serra, ``é para fazer uma coisa mais rápida, senão haverá retardamento no processo".

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