São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Testes alertam para a segurança das cadeirinhas

DO ``TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

A Administração Federal da Aviação (FAA) norte-americana testou cadeirinhas infantis viradas para a frente, cujo uso é certificado em aviões e automóveis, e constatou que não oferecem segurança em viagens aéreas.
Os resultados dos testes não significam que essas cadeirinhas devam ser abandonadas, mesmo porque ainda não existe substituto.
Significa que as cadeirinhas de segurança viradas para a frente, portando selo do governo autorizando o uso em automóveis e aviões, não garantem a segurança dos usuários num acidente com sobreviventes.
As cadeirinhas voltadas para trás, para bebês menores, foram julgadas seguras.
Nos testes conduzidos pelos laboratórios da FAA, cinco tipos de cadeirinhas e outros equipamentos de segurança foram fixados em assentos de avião e submetidos a acidentes com bonecos.
As cadeirinhas voltadas para a frente e os ``arreios" que prendem a criança ao assento do avião pelo tórax não conseguiram impedir que os bonecos sofressem graves impactos na cabeça.
O relatório da FAA foi publicado em setembro passado, mas não foi recebido com muita atenção.
Segundo Van Gowdy, autor da pesquisa, as especificações vigentes para os testes de uso das cadeirinhas em carros não recriam as condições existentes nos aviões.
Gowdy enfatizou que as viagens de carro são muito mais perigosas para as crianças do que as aéreas.
Segundo o dr. Jeffrey Sacks, dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças, 79 mil crianças com menos de quatro anos morrem ou ficam feridas em acidentes de carro por ano.
Mesmo num ano ruim para a aviação, como 1994, a contagem de baixas não passa de uma ou duas crianças mortas e seis feridas.

No colo dos pais
Os testes realizados pela FAA revelaram que as cadeirinhas viradas para trás, usadas para bebês com menos de 10 kg, são seguras.
Mas, como as empresas aéreas permitem que bebês de menos de dois anos viajem sem bilhetes, eles frequentemente vão no colo.
As cadeirinhas só podem ser usadas para crianças com menos de dois anos se a criança tem um bilhete e ocupa um assento, ou se houver um assento vago ao lado dos pais e o comissário de bordo permitir que seja usado.
Crianças com três anos ou mais, que já precisam de bilhete, podem usar os cintos de segurança comuns dos aviões, com quase a mesma segurança dos adultos.
Todos esses dados vieram à tona numa conferência sobre segurança em viagens aéreas, patrocinada pelo Instituto de Segurança da Califórnia Meridional.
Nessa conferência James M. Hall, chefe do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, que investiga acidentes nos transportes, disse que seu órgão já pressionou a FAA repetidas vezes em relação às cadeirinhas.
Mas, que ``ela continua a rejeitar nossos pedidos por maiores medidas de segurança nas decolagens, aterrissagens e momentos de turbulência".
As companhias aéreas declararam que se os pais forem obrigados a pagar as passagem para seus bebês poderão optar por viajar de carro, em vez de avião.

Testes
Por que as cadeirinhas de segurança para crianças foram aprovadas para uso em aviões, quando não garantem sua segurança?
A resposta é que elas são testadas em condições que simulam assentos e cintos de automóveis, mas sem uma barreira na frente que simule um painel de controle ou banco da frente.
Os testes automotivos presumem a existência de um espaço aberto de 81 cm à frente da cabeça da criança.
Mas quando está instalada numa cadeirinha virada para a frente num assento de avião na classe econômica, a distância entre as costas de um assento e as do assento seguinte é de apenas 81 cm.
Os filmes mostraram as cabeças dos bonecos se chocando fortemente com o assento da frente.
Nos testes realizados pela FAA, cinco marcas diferentes de cadeirinhas viradas para trás obtiveram bons resultados. Um arreio de tórax aprovado para uso em aviões era elástico demais e foi julgado insatisfatório.
Um cinto de barriga aprovado na Inglaterra para segurar crianças de menos de dois anos no colo também se mostrou deficiente.
Segundo o relatório foi confirmada a impossibilidade de se proteger uma criança sentada no colo de um adulto preso pelo cinto.
Foram testados sete modelos de cadeirinhas viradas para a frente, aprovadas em carros e aviões, além de uma produzida especificamente para uso em aviões.
Dois não funcionaram porque não podiam ser afivelados ao assento do avião. Nos seis outros, a cabeça do boneco sofreu golpes.

Tradução de Clara Allain

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