São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 1995 |
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Privilégio a empresas adia votação do gás
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA Reportagem da Folha mostrando que texto de relator beneficiaria duas empresas pode mudar conteúdo de emendaA votação em segundo turno da emenda do gás canalizado no plenário da Câmara dos Deputados, marcada para ontem, foi adiada para a próxima terça-feira. O adiamento foi provocado pela informação publicada ontem em parte da edição da Folha (leia reportagem ao lado) de que a empreiteira OAS e a BR (Petrobrás Distribuidora) seriam favorecidas pelo texto aprovado em primeiro turno, na semana passada. O adiamento, solicitado por três partidos de oposição (PT, PDT e PC do B), foi aprovado com os votos dos partidos governistas (PMDB, PSDB, PPR, PFL, PP e PTB). Os parlamentares concluíram que a emenda está sob suspeição e decidiram avaliar melhor o assunto. Na terça-feira, a tendência é de que seja aprovado um destaque supressivo que eliminaria do texto o artigo 2., que beneficiaria a OAS e BR. A emenda aprovada na última quarta-feira acaba com o monopólio estatal de gás canalizado, mas prevê a manutenção dos direitos das atuais concessionárias. A proposta beneficia as empresas de 14 Estados em que já há contratos firmados. A Gaspart, empresa do grupo OAS, e a BR são sócias de estatais em sete destes Estados. A BR participa do negócio como única sócia em outros três Estados. A alteração do texto foi defendida ontem pelos líderes do PPR, Francisco Dornelles (RJ), e do PSDB, José Aníbal (SP). Até a véspera, o deputado Roberto Campos (PPR-RJ) e o líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP), eram os únicos que se esforçavam pela aprovação do destaque supressivo. Campos, defensor radical da abertura da economia, disse ter ficado surpreso com a mobilização dos governistas em favor de sua proposta. ``Isso é muito positivo", afirmou. A ameaça de aprovação do destaque levou os partidos de oposição a reavaliar seus votos favoráveis à emenda. ``Vamos votar contra caso os governistas insistam na retirada do artigo que permitiu o acordo", disse o líder do PT, Jaques Wagner (BA). O relator da emenda na comissão especial que analisou o assunto, Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP), se eximiu de responsabilidade pela polêmica. Ele garante que redigiu o artigo 2 (causador da crise) com a aprovação do governo e dos líderes dos partidos aliados. Mudalen disse que não se oporá a qualquer mudança no texto, desde que resulte de um consenso entre os líderes. ``Nunca pretendi beneficiar A ou B", afirmou. O deputado ameaçou processar todos os que insinuarem que ele recebeu vantagens pessoais pela inclusão do artigo. ``Nunca recebi lobista ou empreiteiro em meu gabinete. Foi tudo muito transparente", afirmou. Motivado pela reportagem publicada ontem pela Folha, o líder do PT sugeriu a convocação, pela Comissão de Fiscalização e Controle, de todos os governadores de Estados em que há contratos firmados entre companhias estatais, a OAS e a BR. Se, na próxima terça-feira, a Câmara conseguir suprimir o artigo 2º e a emenda for aprovada por pelo menos três quintos da Câmara (308), a emenda segue, então, para duas votações no Senado, uma vez que já foi aprovada em primeiro turno. As oposições garantem, no entanto, que vão mobilizar os governadores para derrubar a emenda na segunda votação. Caso o texto seja, de fato, reprovado pelo Câmara, a emenda só poderá ser reapresentada no ano que vem. Texto Anterior: Bispo critica reforma da Previdência Social Próximo Texto: Presidente quer o fim da garantia de contratos Índice |
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