São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 1995
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Texto criaria oligopólio

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; FERNANDO RODRIGUES; FRANCISCO SANTOS
EDITOR DO PAINEL

FERNANDO RODRIGUES
A emenda sobre o monopólio do gás canalizado que deveria ser votada em segundo turno ontem de manhã, na Câmara, beneficiaria a empreiteira baiana OAS em sete Estados e a BR (Petrobrás Distribuidora) em dez.
A emenda acaba com o monopólio estatal na distribuição de gás canalizado, mas determina que sejam mantidos os atuais contratos de concessão em vigor. Alguns vigoram até depois do ano 2020.
Beneficiam-se as empresas dos 14 Estados em que já há contratos de concessão firmados. A Gaspart (empresa do Grupo OAS) e a BR são sócias dos governos estaduais em sete destas empresas. Em outros três Estados, a BR é sócia do governo estadual com outras empresas privadas.
A Gaspart e a BR têm participação acionária em empresas estatais de distribuição de gás em Santa Catarina, Paraná, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba. No Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Ceará, a BR é sócia de outras empresas privadas no negócio de distribuição de gás.
A Gaspart já é o maior grupo privado na área e consistiria um oligopólio no caso de compra das ações dos governos estaduais.
Também participam da distribuição de gás pelo menos duas outras empreiteiras. A Andrade Gutierrez e a EIT são sócias da Potigás no Rio Grande do Norte.
Essas informações foram publicadas em parte da edição de ontem da Folha e determinaram o ritmo dos trabalhos da Câmara.
``O governo tem de explicar por que aceitou a modificação da emenda. Ou sabia que a Petrobrás vai ser monopolista da distribuição de gás em quase todos os Estados -e aí é grave porque é o oposto do que ele próprio está propondo-, ou não sabia o que a proposta significa, o que é mais grave", disse Delfim Netto.
Para Roberto Campos, ``melhor seria votar a emenda e pedir um destaque para o artigo segundo, que posterga os contratos atuais". Ele acredita que isso será difícil porque ``o governo se mobilizou e não vai permitir alterações agora".
A direção da Gaspart, por intermédio de sua assessoria de imprensa, disse ontem à Folha que, se a emenda do gás não for aprovada como está, ``a empresa será prejudicada". O prejuízo, segundo a Gaspart, ocorreria porque a empresa, sem a concessão -garantida no texto da emenda que será votado hoje-, ficaria com os equipamentos e as dívidas contraídas no investimento, mas sem mercado para vender o produto.

Colaborou FRANCISCO SANTOS, da Sucursal do Rio

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