São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 1995
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Organização critica omissão de laudos

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

A Human Right's Watch divulgou uma nota oficial ontem condenando a decisão da polícia do Rio de não divulgar o laudo cadavérico das 13 vítimas da operação policial feita segunda-feira na favela Nova Brasília (no Complexo do Alemão, zona norte do Rio).
A entidade é uma das maiores organizações não-governamentais norte-americanas dedicada à defesa dos direitos humanos. Este ano, abriu escritório no Rio para acompanhar casos de desrespeito aos direitos humanos no Brasil.
``O que mais nos preocupa é a falta de transparência das autoridades e o fato de terem concluído que todos eram traficantes sem nenhuma apuração", disse James Cavallaro, diretor da entidade.
Para Cavallaro, a morte das 13 pessoas tem ``todas as características de um massacre", já que não houve feridos entre a população civil e, ``mais intrigante ainda, nenhum policial ferido".
Na nota, é citado o fato de que em relatórios preparados pela entidade sobre a violência policial no Brasil, a presença de muitos civis mortos e nenhum civil ferido quase sempre corresponde a chacinas.
``Nos tiroteios reais, o saldo é geralmente de mais civis feridos que mortos, mas também de policiais feridos ou mortos, por melhores que sejam no desempenho de suas funções", disse Cavallaro.
A nota condena também as declarações do governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), e do ministro da Justiça, Nelson Jobim.
Na segunda-feira, após a operação, o governador disse que os policiais haviam feito uma ação em favor da repressão do crime. Já o ministro afirmou que ``não se pode recuar perante os bandidos".
A assessoria de imprensa de Alencar disse que ele não falaria sobre a decisão da cúpula da polícia de não divulgar os laudos.

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