São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 1995 |
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'A Promessa' é tragédia de Berlim
JOSÉ GERALDO COUTO
Produção: Alemanha, 1994 Direção: Margarethe von Trotta Elenco: Meret Becker, Corinna Harfouch, A. Zollner, Eva Mattes Onde: a partir de hoje no cine Belas Artes/sala Oscar Niemeyer Poucas cidades têm uma história recente tão trágica quanto Berlim. Nenhuma, como ela, foi dividida ao meio durante três décadas por um muro. ``A Promessa" é o drama dessa cidade e desse muro, que, além de separar comunistas de capitalistas, destruiu famílias, carreiras, amizades, romances. O nome de Margarethe von Trotta, diretora de ``Os Anos de Chumbo" e ``Rosa Luxemburgo", poderia fazer prever um melodrama político com o peso de mil Fassbinders. Por sorte, não é o que acontece. O filme começa com imagens documentais terríveis da construção do Muro, em 1961, e das primeiras tentativas de fuga para o Ocidente. A partir daí, Von Trotta se concentra no drama particular de um casal de jovens separado pelo muro. Sophie (Corinna Harfouch) fugiu de Berlim Oriental, em 61, com um grupo de amigos, pelos esgotos da cidade. Konrad (Meret Becker), seu namorado, ficou, meio por azar, meio por hesitação. Ao longo das décadas, os dois vão se reencontrar poucas vezes, dos dois lados do muro. Numa delas, fazem um filho. Konrad, que se torna um físico de reputação internacional, tem um punhado de chances de fugir para o Ocidente, mas, por um motivo ou por outro, fica no Leste até a queda do muro. O grande achado dramático de Von Trotta é explorar a ambiguidade dos atos humanos: os personagens são movidos por um misto de acaso, imposição histórica e livre-arbítrio. É o filme mais ágil da diretora: concatena uma porção de pequenos episódios, acompanha a trajetória de meia dúzia de personagens, opera elipses elegantes, tem bom ritmo. Se há algo a criticar é o excesso de ênfase sentimental. A música é tão melodramática que quase sufoca tudo. Como se a história já não fosse pungente o bastante. Mas é. (JGC) Texto Anterior: 'Germinal' se limita a ilustrar romance Próximo Texto: La Raia parece uma salsicha ventríloqua! Índice |
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