São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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TST julga ilegal greve dos eletricitários

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou ontem ilegal os dez dias de paralisação dos eletricitários. A greve foi considerada abusiva (veja quadro ao lado).
A decisão, que teve dez votos a favor e um contra, inclui o não-pagamento dos dias parados, férias e 13º salário proporcionais. Exclui também estes dez dias para efeito de cálculo de tempo de serviço para aposentadoria.
Os eletricitários ameaçam provocar um blecaute (corte de energia elétrica) no país em protesto contra a decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
A greve dos eletricitários teve início no dia 3 passado e acabou na última quarta-feira. A categoria pode decidir pela retomada na próxima semana.
A decisão da categoria de retornar ao trabalho na quarta foi tomada depois que o TST considerou abusiva a paralisação dos petroleiros.
Os eletricitários reivindicam 133,84% de reposição de perdas salariais desde novembro de 93, produtividade e implantação do plano de cargos e salários.
A data-base da categoria é novembro.
O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (entidade que reúne eletricitários, trabalhadores da área de saneamento, meio ambiente e gás canalizado), Luiz Gonzaga Ulhôa Tenório, disse que vai encaminhar a proposta de uma nova greve.
As assembléias que irão decidir a retomada ou não da greve da categoria devem ocorrer na próxima quinta-feira.
Radicalização
``O governo tem que prestar atenção às nossas reivindicações, porque a categoria vai parar novamente. Podemos fazer um blecaute", afirmou Tenório.
Ele disse que os eletricitários vão radicalizar o movimento, não acatando a Lei de Greve, que obriga a manutenção mínima de 30% do pessoal para garantir os serviços básicos para a população.
``Durante a greve tivemos o cuidado de garantir os serviços essenciais. Vamos agora agir de outra maneira. Não seremos cordiais, nem polidos", disse.
O sindicalista disse que a greve terá também a adesão das companhias estaduais. Os eletricitários da Cemig (MG) e Celp (PE) paralisaram suas atividades e as três empresas de São Paulo (Cesp, CPFL e Eletropaulo) fazem greve de 24h a partir da zero hora de hoje.
Humilhação
Ele criticou a sentença do TST e considerou que a decisão representa uma humilhação para os trabalhadores. ``Os juízes são instrumentalizados pelo governo para validar este arrocho salarial", afirmou o sindicalista.
O relator do processo, juiz Mauro Viola, pediu a abusividade da greve, alegando que o acordo coletivo assinado em dezembro estava sendo cumprido pela Eletrobrás.
Ele disse que a cláusula que garantiu os ganhos por produtividade estabeleceu a realização de reuniões periódicas para discutir critérios e indicadores, mas não definiu prazos.
``Em nenhum momento se estabeleceram datas. As partes falharam por desconhecimento do vernáculo ", disse o ministro Almir Pazzianotto, que votou pela abusividade.

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