São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Governo quer desindexação total em 96

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda o fim do reajuste automático dos salários pela inflação passada somente a partir de janeiro de 1996. Ontem, o ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o governo quer dar uma sinalização de como vai tratar a política salarial entre julho e dezembro deste ano.
A equipe econômica estuda uma fórmula de reajuste salarial com base que absorva parte da inflação passada e parte da inflação futura, calculada previamente.
Isto reduziria os reajustes, pois as estimativas da inflação futura são mais baixas. Segundo Malan, o governo busca uma inflação declinante e não pode se comprometer com os índices passados.
O reajuste salarial automático com base na variação integral do IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real) nas datas-base das categorias é feito desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994. Até abril, o IPC-r acumula uma variação de 29,55%.
A MP (medida provisória) que criou o real prevê o fim deste mecanismo a partir de julho próximo e o governo deve negociar uma outra forma de política salarial.
``O que o governo quer é evitar a todo custo a indexação de 100% da inflação passada", disse Malan, durante palestra na abertura do Encontro Brasil-Chile, na Academia de Tênis de Brasília.
O objetivo do governo, conforme Malan, seria caminhar diretamente para o sistema de livre negociação salarial no setor privado, mas isto não está definido. ``Há dúvidas se é desejável fazer isto agora, devido à propensão da sociedade brasileira de buscar indexadores informais", disse Malan.
Com isto, o governo não deve negociar até dezembro a livre negociação entre empregados e trabalhadores. Deve apresentar uma regra básica para reajustes, mas que não permita o repasse integral da inflação passada.
Uma das fórmulas seria o repasse de 50% da inflação passada e 50% da inflação futura.
``A idéia é estabelecer um monopólio que reduza o peso do passado inflacionário e introduzir o elemento futuro, para que possamos ter uma livre negociação sem ingerência do governo", disse Malan.

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