São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Política de juros altos dificulta as exportações do Brasil, diz Valentino

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

O presidente da Fiat Automóveis e da Anfavea (associação das montadoras de veículos), Silvano Valentino, fez ontem uma listagem de sete fatores que encarecem ou dificultam as exportações de produtos brasileiros.
Valentino -cuja empresa exportou no ano passado 190 mil automóveis- mencionou os juros hoje excessivamente altos e as dificuldades de frete.
Citou, quanto a esse ponto específico, o fato de veículos brasileiros precisarem ser transportados em cegonheiros argentinos tão logo cruzam a fronteira daquele país.
Ele participou do seminário sobre aspectos jurídicos e econômicos do comércio exterior, promovido pelo Cedes (Centro de Debates e Estudos), ligado ao Tribunal de Alçada Cível do Rio.
O seminário, que se realiza em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), encerra-se hoje e foi organizado com o apoio da Folha.
O presidente da Fiat disse também que os custos portuários são elevados e que os encargos sociais ``impedem uma remuneração melhor dos assalariados".
Afirmou, por fim, que a alfândega não é uma instância técnica de assessoramento e controle, mas sim um guichê para o recolhimento de impostos, e que o Estado não pode investir os volumes de recursos que o comércio externo exigirá nos próximos anos.
Com relação às mesmas dificuldades, o depoimento mais contundente partiu de Carlo Barbieri Filho, presidente da Abece (entidade das empresas exportadoras).
Ele disse que as instâncias de decisão do comércio exterior estão hoje pulverizadas por 11 ministérios e não há, no governo, alguém ou um órgão que defina políticas.
Durante o seminário, dois participantes insistiram nos efeitos negativos do preço baixo do dólar para os exportadores: Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente da Funcex (Fundação e Centro de Estudos de Comércio Exterior), e Ernesto Heinzelmann, diretor do Grupo Brasmotor.

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