São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Mais gás nas reformas

Foi preciso que esta Folha publicasse reportagem revelando que a emenda do gás canalizado beneficiaria a BR (Petrobrás Distribuidora) e uma empresa da OAS para que os parlamentares, que já tinham maciçamente aprovado o texto em primeiro turno, na semana passada, decidissem adiar a votação final e, com isso, retardar o processo de reforma da Constituição, de urgência inquestionável.
É de se lamentar que à comissão constituída para analisar a questão do gás tenha passado despercebida uma emenda que se mostrou importante, já que gerou tanta celeuma na Câmara. O que dizer de uma comissão que não usou do tempo e dos recursos de que dispunha para aclarar todos os detalhes da proposta que extingue o monopólio no setor de gás? Preocupa a desatenção com que os parlamentares -que suspeitam hoje do que aprovaram ontem- começam a reformar a Carta. Reforma que, pelo andar da carruagem na Câmara, ainda está longe de se concretizar.
O PT e o PDT já ameaçam votar contra a totalidade da emenda, se continuar a articulação em torno da supressão do artigo 2, que determina a manutenção dos contratos em vigor. O relator da emenda, deputado Jorge Tadeu Mudalen (PMDB-SP), por sua vez, anunciou que admite modificar o artigo polêmico, para evitar a supressão.
Enquanto os deputados se permitem alongar a fase de discussões, a nação convive com os problemas de sempre, entre eles, a existência de estatais ineficientes, com excessivo número de funcionários, e que se outorgam o direito de, por causa do monopólio que detêm, fazer acordos e parcerias segundo suas conveniências e não as dos usuários. Que a Câmara não adie mais decisões em torno de projetos que o país quer ver realizados.

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