São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Exército abandona regime de prontidão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Exército deixou ontem o regime de prontidão e passou para o de sobreaviso. O regime de prontidão (permanência de parte das tropas nos quartéis) foi adotado anteontem para uma eventual intervenção militar nas refinarias de petróleo e usinas hidrelétricas.
O objetivo era resguardar a integridade física das instalações. No regime de sobreaviso, os integrantes da tropa ficam em casa, mas disponíveis para qualquer tipo de convocação.
Ontem pela manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso negou que as Forças Armadas tenham preparado qualquer tipo de intervenção. ``Não estou cogitando isto. É especulação sem base", disse FHC.
Ele disse que o governo não pode fazer nada para reverter a paralisação dos grevistas. ``Não tem nada de endurecer ou não. Se tiverem direito, ganham, se não têm, o que o governo vai fazer?", questionou, para logo responder: ``O governo não tem ação neste momento".
FHC afirmou ainda que a decisão sobre demitir ou não grevistas não é com ele, mas com os ministros da área. O presidente disse que o Brasil ``precisa" dos petroleiros e ``espera" que eles entendam ``o momento" do país.
No início da noite de anteontem, cinco dos seis comandos militares passaram do regime de sobreaviso para o de prontidão. Esta determinação partiu do Palácio do Planalto, atingindo os comandos militares do Leste (Rio), Sudeste (São Paulo), Sul (Porto Alegre), Nordeste (Recife) e Amazônia (Belém e Manaus).
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) informou ontem que já conseguiu a assinatura de 15 mil petroleiros para o pedido de demissão coletiva que a entidade pretende entregar à Petrobrás.
Como existem 45 mil petroleiros, ainda faltam 30 mil assinaturas. A demissão coletiva é uma tentativa de evitar a demissão dos grevistas por parte da Petrobrás.
Os trabalhadores da refinaria de Capuava (SP) devem entrar em greve a partir da 0h de hoje, informou a FUP. As assembléias realizadas na sexta-feira à noite mantiveram a greve onde ela já estava acontecendo, segundo a entidade.
A FUP vai recorrer à Justiça Trabalhista para anular as demissões de petroleiros em greve já feitas pela Petrobrás.
Segundo a Folha apurou, a FUP vai argumentar que as demissões foram discriminatórias, já que nem todos os grevistas foram demitidos.
Os sindicalistas receberam anteontem cópia de uma carta do presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Barbosa Lima Sobrinho, ao presidente FHC, defendendo os grevistas.
A carta lembra que os petroleiros estão reivindicando o cumprimento de um acordo assinado, no ano passado, ``com o aval do então presidente da República, Itamar Franco, a cujo Ministério vossa Excelência teve a honra de pertencer".

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