São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Crise em TRT aponta para controle externo
AZIZ FILHO
Denúncias de corrupção, nepotismo (contratação de parentes), tráfico de influência, autopromoção e abuso de poder desgastaram o TRT e mobilizaram diversas instâncias superiores. Foram acionados a Procuradoria Geral da República, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), o TST (Tribunal Superior do Trabalho), o STF (Supremo Tribunal Federal), o TCU (Tribunal de Contas da União) e a Justiça Federal. Primo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Mello Porto tem até hoje seu nome em adesivos colados em carros que estacionam perto do tribunal (centro). Seu nome ilustrou camisetas, chaveiros, canetas, panfletos e anúncios elogiosos. Festas de inauguração de juntas de conciliação e julgamento (primeira instância) se transformaram em comícios na campanha eleitoral de 94. Um deles contou com o governador Marcello Alencar, então candidato do PSDB. A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) divulgou, em junho de 94, nota de protesto contra a promoção pessoal, que estaria ``desmerecendo a imagem pública dos juízes trabalhistas". O vice-presidente do Sindicato dos Advogados do Rio, Wadih Damous Filho, entrou quinta-feira passada com uma ação popular na Justiça Federal contra a nomeação, por Mello Porto, de um juiz classista (representante de um sindicato) em 93, que estaria cumprindo pena por exploração de prostituição. O TCU investiga se Mello Porto beneficiou a empresa Emplacon em reforma e construção de prédios, usando a tática de fatiar as obras para fugir da legislação sobre licitações públicas. O procurador da República Paulo Sollberger requereu ao STJ a abertura de ação penal contra Mello Porto por ter contratado sem licitação a empresa Access para realizar seis concursos. ``Ele prejudicou muito a imagem do Judiciário. Quando íamos a congressos em outros Estados, éramos gozados pelos colegas por causa das palhaçadas dele", afirmou Damous Filho. Segundo ele, ``há juiz corrupto, criminoso e por aí vai, mas que faça tanta palhaçada como o Mello Porto nunca existiu". Para a presidente da Amatra (Associação de Magistrados da Justiça do Trabalho do Rio), Eliete da Silva Telles, a gestão Mello Porto ``destoou do estilo tradicionalmente discreto dos juízes e arranhou a imagem da magistratura". Texto Anterior: Executivo retarda indicação de juízes Próximo Texto: "Parente não é leproso", diz juiz Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |