São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Executivo retarda indicação de juízes

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE POLÍTICA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Executivo também dá a sua contribuição para atrapalhar o Judiciário. Retarda a solução de conflitos, usando recursos para evitar pagar quem o aciona, promove pacotes econômicos que geram montanhas de processos e demora na definição de nomes para cargos estratégicos.
O presidente Fernando Henrique Cardoso está há quatro meses para escolher de uma lista de três juízes quem vai ocupar uma vaga de ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O STJ tem 33 ministros. Cada mês com um juiz a menos são cerca de 200 processos que deixam de ser julgados -a indecisão de FHC já fez com que pelo menos 800 processos ficassem à espera de uma decisão do STJ, um tribunal que analisa desde despejo e acidente de trânsito até corrupção envolvendo autoridades públicas.
Motivo da indecisão de FHC: ele, aparentemente, não sabe a quem agradar. Os juízes que formam a lista tríplice têm ``padrinhos" fortes.
O governador cearense Tasso Jereissati apóia a indicação do juiz Hugo Brito; o governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves Filho, apóia o juiz José Delgado, e o ministro da Justiça, Nelson Jobim, apadrinha o juiz Ari Pagengler.
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, o governador Jereissati e o ministro Jobim não quiseram comentar a indecisão do presidente Fernando Henrique.
O governador Garibaldi Alves Filho (RN) disse à Folha que limitou-se a falar com o presidente e a enviar um fax ao Palácio do Planalto ``dizendo que o juiz José Delgado é uma pessoa competente para exercer o cargo no STJ".
``Realmente ele é meu conterrâneo, fiz um apelo, mas me limitei a isso. Sei que a vaga está sendo disputada por outros dois", disse o governador Garibaldi.
Enquanto o presidente não se decide, o STJ vai acumulando vagas abertas. Depois que encaminhou a lista tríplice, o Tribunal já aposentou mais um juiz. Está aguardando a escolha de FHC para mandar a segunda lista do ano.

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