São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995 |
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'Não comemoramos 13 de maio'
AURELIANO BIANCARELLI
``Aqui só comemoramos o 20 de novembro, que é a morte do grande líder Zumbi", ela diz. Na classe, a diretora Deusa Freire do Nascimento, branca, diz aos alunos que ``a cor negra não significa escravidão". Mas os líderes da comunidade estão preocupados. A escola local só ensina até o primário -4ª série do primeiro grau. Os que vão para Porto Trombetas não estão conseguindo acompanhar as crianças brancas. Apenas uma chegou ao colegial. O único estudante da comunidade que prestou vestibular não passou. Apenas três casas da comunidade têm geladeira. Todas têm aparelho de TV alimentados por bateria. Os moradores acompanham as novelas e assistem telejornais. Uma das casas, coberta de folhas de palmeira, já ostenta uma parabólica. Patriarca José dos Santos, 86, é o patriarca da comunidade Boa Vista. Tem cinco filhos, 45 netos e 31 bisnetos. Caminha apoiado num cabo de vassoura e veste velhas camisetas e bonés oferecidos por políticos da região. Santos é quem conta histórias de seus avós escravos. ``Eles tinham que levar brasas na palma da mão para acender o cachimbo de seus patrões, contava minha avó." (AB) Texto Anterior: Quilombo luta para legalizar terras no Pará Índice |
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