São Paulo, quarta-feira, de dezembro de |
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Quilombo luta para legalizar terras no Pará
AURELIANO BIANCARELLI
Passaram o dia trançando folhas de ubim -uma espécie de palmeira- para cobrir um grande barracão de festas. Preparam as comemorações daquilo que chamam o ``começo da libertação". ``Continuamos pobres e explorados, mas queremos a terra que é nossa", diz Manoel Edilson Santos de Jesus, 27, presidente da Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Boa Vista. O artigo 68 da Constituição garante aos descendentes de escravos fugitivos o direito às terras onde seus antepassados construíram seus quilombos. Uma das exigências é que a comunidade crie uma associação. O processo é conduzido pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A comunidade de Boa Vista saiu na frente. Quinze meses atrás, funcionários do Incra estiveram na região contando as famílias e medindo as terras. Desde o mês passado, o processo está em Brasília. ``Boa Vista tem a vantagem de estar em terras devolutas da União, sem conflitos com fazendeiros nem mineradoras", diz a antropóloga Lúcia Andrade, da Comissão Pró-Índio de São Paulo, que assessora a Associação dos Remanescentes de Quilombos de Oriximiná há cinco anos. Boa Vista é uma das 21 comunidades negras do Trombetas que reivindicam o direito às terras de antigos quilombos. Há quase dois séculos, seus antepassados fugiram das fazendas de gado e cacau da região de Santarém -Baixo Amazonas- e subiram o Trombetas remando. Sucessivas expedições de captura foram empurrando os negros rio acima, até que o último quilombo se instalou no rio Turuna, longe 45 dias de barco. Porto Trombetas tem aeroporto, bancos, restaurantes, uma boa escola. Boa Vista, a três quilômetros dali, não tem energia elétrica. Muitas das mulheres são empregadas domésticas nas casas de funcionários da mineradora. Texto Anterior: Banhos devem ser longos Próximo Texto: 'Não comemoramos 13 de maio' Índice |
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