São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Balzaquiana concilia independência e filho

ANDRÉA DANTAS

ANDRÉA DANTAS; MAURICIO STYCER
DA REDAÇÃO

MAURICIO STYCER
Uma geração de mulheres que nunca brincou de boneca e se recusou a casar de véu e grinalda vai passar este Dia das Mães, pela primeira vez, trocando fraldas.
Elas estão todas ali na faixa dos 30 anos. São filhas de pais liberais, que as educaram para enfrentar o mercado de trabalho e não para ficar em casa, cuidando dos filhos.
Investiram tudo em suas carreiras e só depois de alcançarem alguns de seus objetivos profissionais resolveram se render à maternidade. Hoje sonham em conciliar mamadeiras e trabalho.
``Antes, achava que o filho ia acabar com minha independência. Hoje, já acho possível ser independente com filho", diz a atriz Cristiane Couto, apresentadora da MTV, que será mãe pela primeira vez aos 35 anos.
Chegar à ``idade certa" para enfrentar a gravidez é uma preocupação da nova safra de mães balzaquianas. ``A maturidade dos 30 é fundamental para que a união maternidade e trabalho dê certo", acredita a empresária Silvia Percussi, 31, dona de um restaurante e mãe de Francesca, 6 meses.
Para a artista plástica Mônica Sanovicz, 30, sua geração aproveitou bem a vida. ``Agora chegou a hora de viver, junto com o trabalho, o filho e a família", diz ela, mãe de Rodrigo, de 2 meses.
Até quem chegou a pensar que bastava o trabalho mudou de idéia. Para a estilista Diana Barradas, 31, era impossível conciliar as duas coisas. ``Mas desde que meu filho nasceu tenho uma sensação de equilíbrio", diz Diana, mãe de Nicolau, 2 anos, e dona da confecção Transilvania.
Para alcançar a harmonia entre trocar fraldas e comandar negócios, a maioria das mães de primeira viagem nem sonha em repetir a experiência. ``Um está bom. Já tem muita gente no mundo", diz Cris Couto.
A família de filho único é, por sinal, a principal opção dos casais de classe média e alta da região metropolitana de São Paulo, contatou uma pesquisa da fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Em 1990, 30,3% das famílias eram assim. Hoje, já são 32% (veja quadro).
Apesar de terem esperado até os 30 para engravidar, as balzaquianas confessam chegar à maternidade bastante despreparadas.
``Vou processar o autor de `Parto Sem Dor'. Ninguém me disse que o parto dói à beça", reclama a produtora de TV Cristina Dória, 30, mãe de Gabriel, 4 meses.

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