São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Psicóloga diz que ter filho não é 'essencial'

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Psicóloga diz que ter filho não é `essencial'
Para especialistas, é possível reprimir a curiosidade natural de ser mãe ou realizar esse desejo no trabalho
Ter filhos não é condição essencial para a felicidade da mulher. Passar pela vida sem filhos não é um atalho para a infelicidade. Tudo isso, ao menos, em tese.
A Folha fez uma mesma pergunta a três terapeutas (a mulher pode ser feliz se não tiver filhos?) e colheu três respostas diferentes, mas que apontam numa mesma direção: filhos não trazem felicidade, obrigatoriamente.
``Para ser feliz sem filhos, a mulher terá que romper a curiosidade natural de ser mãe. Conheço muitas mulheres que decidiram não ter filhos e conseguiram reprimir essa curiosidade", diz Ana Verônica Mautner, 59, terapeuta e mãe de três filhos.
``Você não pode ser feliz sem ir para a Grécia? Você não pode ser feliz sem saltar de pára-quedas? São coisas que posso fazer e não faço", acrescenta Ana Verônica em defesa de sua tese.
``A felicidade não é uma coisa que dependa ou não de ter filhos. É igual querer saber se é possível ser feliz sozinha", diz a psicanalista Maria Teresa Mantovanini, 43, mãe de dois filhos.
``Você nunca vai satisfazer o desejo infantil de suplantar a mãe, mesmo tendo um, dois ou três filhos. Porque é um desejo que não inclui a realidade que é ter filhos", diz.
``Você pode, através de outras realizações, acabar não realizando aquele desejo infantil, mas desejos correspondentes na vida adulta como um casamento feliz ou um bom trabalho", diz Maria Teresa.
``Não é uma substituição mecânica. O importante é conseguir dar um destino final a esse desejo, tendo ou não filhos", acrescenta ela.
``Ter filhos é uma escolha puramente singular. A psicanálise nada tem a dizer em termos gerais sobre isso", diz a psicanalista Caterina Koltai, 48, mãe de um filho.
``É um momento de escolha de cada mulher. E, como toda escolha, implica uma perda. Não dá para ganhar em todos os campos", diz Caterina.
``A perda é necessária, ensina a psicanálise. Se você aposta só na maternidade, vai perder em sua profissão. Se aposta só na carreira, vai perder na maternidade. Mas é perfeitamente possível ser mãe, ter carreira e ser bem-sucedida", encerra a psicanalista.
(MSy)

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