São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Mercado aposta em juros menores para aplicações

DA ``AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O mercado financeiro fez uma drástica revisão para baixo de suas expectativas para os juros. No início de maio, o pregão de DI futuro da BM&F sinalizou 4,56% para o CDI-over efetivo de junho.
A projeção caiu até 4,05% na sexta-feira. Para as instituições, o Banco Central irá manter o selic estável em 5,67% em junho.
Já os juros cobrados nos financiamentos via capital de giro prefixado continuam altos, por causa do compulsório bancário.
O mercado apostou que o BC não precisa mais manter as taxas tão altas, já que o aperto à liquidez tem sido eficiente e o déficit da balança cambial foi revertido.
O juro alto visava incentivar a poupança e desestimular o consumo, além de impedir a fuga de capitais externos.
Mas o BC concluiu que o juro precisa ficar alto para o tomador de crédito, não para o aplicador. E pode agora atacar os altos custos da dívida interna, por meio da redução da taxa do over-selic.
Como os juros caíram muito, o BC baixou a circular 2.570, que flexibiliza as regras de 2.562, ao aumentar a remuneração do dinheiro recolhido de 90% para 100% da variação do over.
Já que isso não teve efeito sobre os juros da aplicações, o presidente do BC, Pérsio Arida, deu um recado aos bancos: a política monetária continuará apertada, pois visa a estabilização dos preços e não o equilíbrio cambial.
A advertência foi dupla: 1) os juros não podem continuar caindo; 2) e, sobretudo, não podem utilizar a debilidade atual do dólar como justificativa para a queda.
O ministro do Planejamento, José Serra, usou o mesmo argumento, mas em sentido contrário: se a estabilidade cambial persistir, os juros podem cair, porque interessa ao governo diminuir os custos da dívida interna.
Na sexta, o mercado fechou com Serra. O CDB só foi negociado acima da paridade nos pequenos bancos. Os médios usaram a mesma taxa do over-selic e os grandes ofereceram juros menores.
A queda pode ter sido exagerada, até porque a tendência é de alta da inflação em junho. Prefira ativos indexados ao CDI.
No curto prazo, os fundos carteira livre de renda fixa prometem o melhor rendimento. Na semana passada, a expectativa de ganho real líquido era de 0,40%.
A segunda melhor opção são os fundos de curto prazo, que sinalizavam 0,33% de ganho real. O FAF prevê apenas 0,21%.

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