São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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O desinteresse e a fase final do Paulista

TELÊ SANTANA

A notícia de que o Campeonato Paulista irá prosseguir durante a disputa da Copa América, em julho, é mais uma aberração do nosso calendário.
As razões são simples: os clubes, que já são sacrificados durante o ano pelos amistosos inúteis da seleção, vão se enfraquecer com a convocação de suas principais estrelas para a Copa América. O torcedor, em consequência disso, não terá o mesmo entusiasmo para acompanhar as partidas do Paulista.
A fase final da competição corre o risco de se tornar tão desinteressante quanto à fase de classificação, em que os jogos praticamente nada valem.
Isso revolta quem trabalha para o bem do futebol.
Assim, nós do São Paulo resolvemos elaborar uma proposta alternativa de calendário e a encaminhamos na semana passada para a análise do Clube dos 13 (entidade que reúne os principais clubes do país).
Ao meu lado, participaram desse estudo alguns dirigentes -José Douglas Dallora e João Paulo Medina- e os jogadores Zetti e Raí.
O primeiro passo seria adequar o nosso calendário ao europeu, para facilitar o intercâmbio e os amistosos internacionais no mês de agosto, quando a temporada estaria encerrada.
O Campeonato Brasileiro seria valorizado -disputado pelos principais clubes do país durante quase todo o ano.
Os campeonatos regionais ocorreriam ao mesmo tempo, com menos times. Os clubes grandes entrariam apenas na fase final dos torneios estaduais, quando encerrassem suas participações no Brasileiro.
Dessa maneira, com menos times, os jogos poderiam acontecer apenas nos sábados e domingos.
As outras datas seriam reservadas aos torneios sul-americanos e aos jogos da seleção. A Taça Libertadores, a Copa Conmebol e a Supercopa ganhariam importância.
Tanto o Campeonato Brasileiro como os regionais teriam várias divisões, com acesso e rebaixamento obrigatórios.
A proposta mantém todos os clubes do país em atividade durante o ano todo.
Acho difícil, porém, a mudança ser aceita pelas federações estaduais. Com menos jogos, elas perderiam parte do precioso dinheiro sobre as rendas. Além disso, não se conformariam com a valorização do Campeonato Brasileiro.
Os times do interior também podem se opor por dois motivos: a dificuldade financeira para manter um elenco forte durante toda a temporada e a ausência dos clubes grandes em suas cidades -a grande fonte de renda- durante boa parte dos torneios estaduais.
De qualquer forma, é um proposta de bom conteúdo e que está aberta a qualquer tipo de sugestão.

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