São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Negócio de alto padrão é mantido em sigilo

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DA REPORTAGEM LOCAL

As casas e os apartamentos que custam mais de R$ 1 milhão não figuram nos anúncios de jornais. Nada de publicidade ou divulgação ostensiva. A palavra-chave nesse tipo de negócio é discrição.
Várias razões justificam tanto segredo. A primeira é que proprietários e eventuais compradores querem evitar a identificação.
``O sigilo é muito importante. Artistas, políticos, empresários e industriais não gostam de ter seus nomes vinculados a transações imobiliárias envolvendo valores muito elevados", diz Lúcia de Paula e Souza, 41, diretora comercial da Camargo Dias da agência Morumbi.
Em princípio, todos que têm ou podem adquirir um patrimônio desse porte são ``sequestráveis", diz Adolpho Lindenberg, 68, dono da construtora que leva seu nome e que há quase 40 anos atua no segmento de alto padrão.
Além da questão da segurança, há o medo do Imposto de Renda. Nem sempre se escritura a venda pelo valor realmente negociado.
Com um registro de valor menor, as partes envolvidas podem pagar tributos mais baixos.

Grupos fechados
Como os possíveis clientes para imóveis milionários formam um grupo restrito, as imobiliárias que atuam nesse segmento fazem um trabalho diferenciado.
Os corretores sempre trabalham com uma carteira de ``clientes potenciais" -e procuram essas pessoas individualmente, através de mala-direta ou pessoalmente.
O primeiro contato pode até mesmo acontecer em situações sociais. Por exemplo, durante conversa em um clube fechado.
``O atendimento deve ser personalizado. Temos que nos adequar à disponibilidade do interessado", diz Michael Bamberg, 49, dono da Bamberg Imóveis e diretor da Câmara de Comércio Alemão.
Exige-se dos corretores que atuam nesse segmento uma sólida formação. É comum encontrar profissionais que sejam bilíngues ou trilíngues. A Bamberg tem condições de atender em sete línguas.
(Telma Figueiredo)

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